São já conhecidos os resultados das análises da Agência Portuguesa do Ambiente à água e à espuma recolhidas do Tejo. A carga poluente que a 24 de janeiro foi detetada na região de Abrantes teve origem em descargas da indústria da pasta de papel.
Segundo o responsável, que falava em conferência de imprensa, a concentração de carga orgânica na zona de Abrantes foi o desfecho de uma conjugação de fatores. Na próxima semana, assinalou Nuno Lacasta, vai ser avaliada a redução de descargas da fábrica da Celtejo determinada pelo Ministério do Ambiente.
Recorde-se que, por determinação da tutela, a Celtejo teve de cortar as descargas de efluentes em 50 por cento por dez dias. A Agência do Ambiente faz notar que é desta empresa que partem 90 por cento das descargas da indústria da pasta de papel, embora responsabilize todas as unidades.
A Celtejo, apontou ainda Nuno Lacasta, foi forçada a antecipar a construção de uma Estação de Tratamento de Águas Residuais Industriais (ETARI) em dois anos; a estrutura está a operar desde o final de setembro de 2017, mas parcialmente, segundo a APA.
As análises agora divulgadas indicam que os níveis de celulose das amostras superavam o recomendado em cinco mil vezes.
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“Completamente alheia”
Na antecâmara da conferência de imprensa da Agência Portuguesa do Ambiente, o diretor de Qualidade e Ambiente da Celtejo veio alegar que esta fábrica de pasta de papel da Altri, localizada em Vila Velha de Ródão, “é completamente alheia ao que tem surgido”.
“Não temos qualquer anomalia ou qualquer descarga e a produção ao longo das últimas semanas tem sido estável”, afiançou Soares Gonçalves, em declarações citadas pela agência Lusa.
O responsável da Celtejo frisou que a ETARI da unidade emprega tecnologia de ponta, com “ultrafiltração por membranas”, e é mesmo a mais moderna em Portugal – os três reatores que a compõem têm uma capacidade combinada de 36 mil metros cúbicos.
Por sua vez, Sofia Jorge, engenheira no sector ambiental da Celtejo, advertiu para o impacto das medidas impostas pelo Ministério do Ambiente, desde logo a redução do caudal de efluentes: “A fábrica não pode continuar nestas condições. Deixa de ser viável continuar assim”.
“Não estamos aqui para acusar ninguém. Mas muita coisa ao longo do rio deve ser verificada”, acentuou a engenheira, para acrescentar a Celtejo “não tem multas, nem foi condenada”.
c/ Lusa
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