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Heróis anónimos da Revolução dos Cravos

por Maria Flor Pedroso
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A Antena1 apresenta 25 militares que ocupam páginas menos lidas da história que alterou a História de Portugal. São homens que, a partir de todo o território nacional, e não apenas de Lisboa, tiveram ação determinante para o desfecho da sublevação que destituiu a ditadura. São 25 retratos de 25 heróis anónimos do 25 de Abril. Sem eles, a Revolução dos Cravos não teria sido possível.

16 de julho - No 25 de Abril de 1974, o Estado Maior da Armada deu à fragata a ordem de se preparar para fazer fogo sobre a coluna de Salgueiro Maia e o comandante respondeu-lhe que não podia porque iria atingir gente e cacilheiros. Deu-lhe a ordem de fundear, e o comandante acelerou o movimento da fragata. Deu-lhe a ordem de fazer fogo de salva e também este acabou por não ser feito. O MFA, por seu lado, mandou à fragata o recado de que devia sair para o mar, e esta manteve-se no rio. A “Gago Coutinho” manteve durante todo o dia um comportamento autónomo. Em entrevista de Maria Flor Pedroso a António Louçã, o filho do comandante, a versão que ficara esquecida nas comemorações do 40º aniversário.

2 de maio -
Elemento do Movimento das Forças Armadas, Luis Sequeira foi enviado em comissão de serviço para Moçambique, onde ajudou a implantar o espírito do 25 de abril.

1 de maio
- António Ferreira do Amaral foi um dos homens que partiram do Regimento de Infantaria de Viseu, que constituiu o Agrupamento November, o primeiro a entrar na Revolução. Andou com parte dos planos da Revolução escondida no corpo durante o dia que antecedeu a revolta.

30 de abril
- Na noite de 24 para 25 de abril, o capitão Aprígio Ramalho tomou o Regimento de Infantaria de Viseu. Só aceitaria devolver a unidade ao comandante se o coronel Ramalho se submetesse ao programa revolucionário do Movimento das Forças Armadas. O coronel pediu algum tempo para pensar nas condições impostas, despediu-se com um "até já"... e não mais voltou.

29 de abril
- Duran Clemente tornou-se numa figura pública no 25 de novembro de 1975 mas, embora menos conhecido, o seu papel na Revolução dos Cravos não foi despiciendo. Durante a sua comissão na Guiné, ainda em 73, o hoje coronel na reforma esteve na génese do Movimento dos Capitães, a força motriz que haveria de alimentar o dia em que Portugal afastou o Estado Novo.

28 de abril -
Capitão-tenente na altura da Revolução, Abrantes Serra tomou a Escola de Fuzileiros em Vale de Zebro. Não teve problemas e até cumpriu a sua missão desarmado porque, embora o comandante da unidade [Rocha Calhorda] não fosse partidário do MFA, "era muito boa pessoa, gostávamos muito dele". Na Escola de Fuzileiros estavam "1800 ou 2000 homens", descreve Abrantes Serra. Horas mais tarde, Abrantes Serra esteve também na ocupação de Caxias e assistiu à libertação de presos políticos como José Manuel Tengarrinha, Palma Inácio e José Luis Judas.

24 de abril
- Vargas Matos era primeiro-tenente da Marinha no dia da Revolução e teve como incumbência a tomada da sede da PIDE-DGS na rua António Maria Cardoso, no coração de Lisboa. Ao contrário do que lhe tinha sido inicialmente transmitido, dando conta de que o número de agentes da PIDE refugiados no edifício era pouco mais do que desprezível, o fuzileiro Vargas Matos e os seus homens viram-se confrontados com um adversário numericamente muito superior, a que se juntaria ainda uma coluna da GNR que acorria em auxílio dos homens da polícia política. Perante o imprevisto, e para preservar a segurança dos milhares de civis que se aglomeravam para satisfazerem a curiosidade e testemunhar em primeira-mão o nascimento de uma nova época, Vargas Matos, hoje almirante reformado, teve de recorrer a uma manobra tática. Horas mais tarde, contudo, haveria de concluir com sucesso a sua missão.

23 de abrilRui Rodrigues, hoje coronel na reforma, era capitão em 1974 e teve por missão comandar a tomada do aeroporto de Lisboa pelas forças revolucionárias, um dos principais objetivos estratégicos e militares da Revolução de abril. A meio da madrugada saído da sua unidade, a Escola Prática de Infantaria, em Mafra, o capitão Rodrigues e os seus homens demoraram menos de uma hora para cumprir a missão que lhes tinha sido confiada. Pelo meio, ainda enganou 150 polícias e 40 pides, dizendo que estava no aeroporto porque havia uma ameaça terrorista da Organização Setembro Negro - o grupo extremista palestiniano que havia sequestrado e massacrado 11 atletas israelitas nos Jogos Olímpicos de Munique, dois anos antes.

22 de abril - A Escola Prática de Artilharia, em Vendas Novas, foi o primeiro quartel a entrar na Revolução, ainda se esgotavam os últimos minutos de 24 de abril de 1974. Era lá que estava o então tenente Andrade da Silva que, antes de mais, teve de prender o comandante da sua unidade. Mais tarde, montou baterias no Cristo-Rei com mira orientada para Monsanto e para a fragata Gago Coutinho que, do meio do Tejo, ameaçava com os seus canhões as forças revolucionárias lideradas por Salgueiro Maia, concentradas no Terreiro do Paço. Como sabemos hoje, não foi preciso abrir fogo.

21 de abril - Em 25 de abril de 1974, já a noite tinha caído e Caxias ainda estava sob controlo da PIDE. A prisão era um dos últimos bastiões do Antigo Regime. Coube a Mário Pinto, então capitão paraquedista, a missão de comandar o assalto a esse marco da perseguição aos adversários políticos da Ditadura. Mário Pinto, hoje coronel na reforma, assumiu o comando da operação, porque o oficial que estava inicialmente designado... "baldou-se".

18 de abril - Depois de ter sido desviada da sua missão original devido aos acontecimentos que se desenrolavam em Lisboa, a fragata Gago Coutinho navegava no rio Tejo quando o comandante Seixas Louçã recebeu ordem de fogo sobre as forças revolucionárias que se concentravam no Terreiro do Paço. O imediato Caldeira dos Santos, primeiro, e todos os outros oficiais e restante guarnição, depois, recusaram-se a obedecer às ordens do comandante da fragata.
(n.d.r: este texto foi alterado na palavra destacada a negrito, que substitui a palavra anterior "deu").

17 de abril
- A missão do então capitão do Exército Teófilo Bento no dia 25 de abril de 1974 foi liderar a tomada das instalações da RTP, no Lumiar. Uma tarefa à primeira vista algo bizarra para um oficial de Logística - não combatente, portanto. Mas estava tudo calculado para que a operação "Casino" resultasse em... jackpot.

16 de abril
- No 25 de abril de 1974, Lourenço Gonçalves era primeiro-tenente da Marinha. Coube-lhe transmitir as ordens de contenção à fragata Gago Coutinho, que tinha as suas baterias apontadas às forças de Salgueiro Maia, concentradas no Terreiro do Paço.

15 de abril - Num curioso e bem-humorado olhar sobre o seu papel no dia da Revolução dos Cravos, Mendonça Carvalho, hoje coronel da Força Aérea na reforma, revela o aguçado espírito de observação que ainda o haveria de transformar num ator profissional, anos mais tarde.

14 de abril - Há 40 anos, Luis Pimentel era capitão e estava no campo de tiro da Carregueira. No dia 25 de abril de 1974, teve como missão comandar a tomada da Emissora Nacional. Apesar de um pequeno "susto" à chegada às instalações da rádio, situadas na rua do Quelhas, em Lisboa, tudo acabaria por correr como previsto.

11 de abril - O dia da Revolução dos Cravos coincidiu com o 42.º aniversário de José Cardoso Fontão. Nas suas próprias palavras, a tarefa mais importante que desempenhou nesse dia que faz 40 anos foi assegurar que o comandante do então Batalhão de Caçadores 5, em Campolide, Lisboa, nunca suspeitasse do que estava a prestes a acontecer. É que o seu superior tinha relação muito próxima com o ministro do Exército, Andrade e Silva. Era, portanto, imperioso recorrer ao secretismo e à dissimulação.

9 de abril - Com 31 anos à data da Revolução dos Cravos, Diamantino Gertrudes da Silva era o mais velho capitão da Zona Centro e foi por isso nomeado pelo comando das forças revolucionárias para chefiar o "agrupamento November". Reunido ao restante contingente na Figueira da Foz, teve a seu cargo a tomada da prisão de Peniche. Tendo enfrentado resistência, montou assédio ao forte, antes de continuar rumo a Lisboa, onde se deparou com dificuldades para reabastecer homens e viaturas.

8 de abril - Madrugada de 25 de abril de 1974, Base Naval do Alfeite. Na fragata Sacadura Cabral, o oficial de serviço era Ramiro Soares Rodrigues. O então primeiro-tenente recorreu ao engenho para evitar que o seu navio tomasse parte em qualquer eventual tentativa para esmagar a revolta - e conseguiu o que pretendia.

7 de abril - No dia 16 de março de 1974, o então primeiro-tenente Bacelar Begonha prendeu o seu comandante de unidade para que Vila Franca de Xira não oferecesse obstáculos à passagem da "coluna das Caldas". O que nem ele, nem o seu comandante sabiam é que ambos pertenciam ao MFA...

4 de abril
- Antero Ribeiro da Silva conspirou a favor do 25 de Abril, foi mandado para a Madeira por atividade subversiva, onde o dia da Revolução lhe passou ao largo. Mas ainda haveria de ser carcereiro de Marcello Caetano.

3 de abril - David Martelo era capitão em 1974. Tendo recebido ordens para se dirigir à Figueira da Foz na noite de 24 de abril, "fui no meu próprio carro para a Revolução", conta-nos.

2 de abril -  Frederico Morais esteve na ocupação da Emissora Nacional, na Rua do Quelhas, em Lisboa, no 25 de Abril. Conta-nos uma história curiosa sobre como ludibriou dois polícias.

1 de abril - Delgado Fonseca partiu de Lamego para o Porto. Tinha como objetivo tomar a PIDE, mas a sua missão acabou por ser outra.

31 de março - Alfredo Assunção era adjunto de Salgueiro Maia e viveu um dos momentos mais marcantes da Revolução. Esteve muito perto de ser fuzilado.
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