Eduardo Lourenço e a sua particular visão sobre os portugueses

"Ilha Portugal" é um documentário sobre e com Eduardo Lourenço. Aos oitenta e dois anos, Eduardo Lourenço é um dos maiores ensaístas portugueses, com vasta obra publicada no campo da crítica literária e da história das ideias. Embora vivendo em França há mais de cinquenta anos, Eduardo Lourenço tem participado sempre na vida cultural portuguesa, escrevendo para jornais e revistas, mantendo também uma importante atividade de conferencista quer em Portugal quer no estrangeiro.
Eduardo Lourenço tem uma visão pessoal sobre a identidade portuguesa - é precisamente esse o tema do documentário "Ilha Portugal". O programa revela-nos um ensaísta que apesar da idade já avançada se mantém em permanente atividade. Durante quase um ano, a RTP acompanhou de forma informal a atividade do escritor, tentando captar com alguma frescura o seu estilo de vida e a sua capacidade de improviso.
Em "Ilha Portugal" viajamos com o escritor até ao Egipto, onde poderemos conhecer a sua opinião sobre o" árabe em nós" ou "nós como árabes". Foi contra o árabe que os portugueses se afirmaram no mundo no contexto da Reconquista medieval e das Descobertas - momento importante da nossa história reforçado pela epopeia escrita por de Luís de Camões. Por isso mesmo, "Os Lusíadas" é para Eduardo Lourenço uma obra capital da cultura portuguesa, está mesmo na origem da nossa hiper-identidade.
No documentário Eduardo Lourenço revisita São Pedro do Rio Seco, aldeia beirã onde nasceu, situada a poucos quilómetros de Vilar Formoso e da fronteira espanhola. É o espaço para as recordações de infância e para relembrar o espírito da época marcado pelo Salazarismo e pelo regime político do Estado Novo. Essa viagem ao passado inclui um olhar sobre o impacto do 25 de Abril na sociedade portuguesa e sobre o desafio europeu, tão pertinente ontem como hoje.
O documentário mostra-nos ainda um encontro de Eduardo Lourenço com o pintor Júlio Pomar, dois homens da mesma geração mas com experiências de vida diferentes.Finalmente, teremos o escritor na intimidade, a vida de todos os dias na companhia da mulher Annie Salomon na casa onde residem em Vence.

Autoria é de Anabela Saint-Maurice, imagem Carlos Oliveira, montagem Paulo Marcelino, pós-produção audio António Garcia,produção Ana Lucas e Maria João Cargaleiro.