Em caso de eleições, o PS teria 43 por cento de votos, o que coloca os socialistas no limiar da maioria absoluta. São resultados da sondagem da Universidade Católica para a RTP, Antena 1, JN e DN. Os números revelam uma subida dos socialistas de nove pontos percentuais (de 34 por cento) desde a última sondagem da Católica, em dezembro de 2015. Em sentido inverso, verifica-se uma queda dos partidos do anterior Governo. Por seu lado, Marcelo continua a cavalgar a onda da popularidade.
Os socialistas passaram de 34 para 43% de votos.
O PSD teria agora 30% e o CDS-PP 6%, quando há um ano tinham juntos 41%.
De acordo com o CESOP, o inquérito realizado para a RTP - e ainda fazendo a comparação com os números de há um ano - mostram um PS a crescer tanto à direita como à esquerda.
Já o PSD perde na mesma comparação, tal como o CDS-PP. Os social-democratas têm agora 30 por cento e os democratas-cristãos 6 por cento. Há um ano, a coligação PSD/CDS-PP recolhia 41 por cento na estimativa de voto. Não há condições para fazer uma comparação imediata, já que a coligação se dissolveu, mas somadas as parcelas dos dois partidos estes ficar-se-iam agora pelos 36 por cento, o que representa uma descida da direita parlamentar.
Quanto aos partidos da “geringonça”, o Bloco de Esquerda teria agora 8 por cento dos votos, uma queda de três pontos face aos 11 por cento em dezembro de 2015, e a CDU (PCP-PEV) 6 por cento, também a cair dos 7 por cento na sondagem anterior.
O PAN (Pessoas-Animais-Natureza) manteria os 2 por cento de votação, caso fossem hoje as eleições.
Os técnicos do centro de sondagens chamam no entanto a atenção para a existência de “muitos indecisos (21%), o que poderá prejudicar as estimativas”. A estimativa dos resultados eleitorais é obtida “calculando a percentagem de intenções diretas de voto em cada partido [no gráfico abaixo] em relação ao total de votos válidos (excluindo abstenção e não respostas) e redistribuindo indecisos com base numa segunda pergunta sobre intenção de voto. São apenas consideradas intenções e inclinações de voto de inquiridos que dizem ter a certeza que vão votar ou que dizem que em princípio vão votar”.
Em termos de mobilização, de referir que a partir do estudo se percebe que, havendo agora legislativas, a abstenção ficaria pelo valor mais baixo desde há muitos anos. Apenas 23 por cento dos inquiridos manifestou a vontade de não votar (15% “de certeza que não iria votar/ não tencionaria votar” e 8% “não sabe se iria votar”).
Quanto à participação eleitoral, pelo contrário, 78 por cento responderam que sim, que iriam votar (14% “em princípio” e 64% “de certeza”). São números que contrastam com os 43,07% da abstenção registada nas últimas legislativas de Outubro de 2015, por sinal a maior de sempre.
Marcelo, Costa e Catarina no pódio
No que respeita aos líderes políticos portugueses, a sondagem revela um Presidente da República a recolher uma quase unânime opinião favorável, António Costa com o maior ganho de popularidade e Passos Coelho como único líder em perda.
Marcelo Rebelo de Sousa ocupa a primeira posição na avaliação dos portugueses, recolhendo 97 por cento de notas positivas. O centro de sondagens da Católica compara aqui o actual Presidente com o anterior, Cavaco Silva, cuja última avaliação foi de 48 por cento. Marcelo é também aquele que, feita a média das avaliações, tem a pauta mais apresentável: 16,3 (a avaliação mais elevada das sondagens Católica desde que há registo, em 2004).
O primeiro-ministro, António Costa, tem nesta questão (“que nota dá, de 0 a 20, à forma como têm atuado nos últimos tempos”) a evolução mais positiva entre todos os líderes partidários: 81 por cento de avaliações positivas agora, contra 47 por cento em Dezembro de 2015.
Pedro Passos Coelho, presidente do PSD, principal partido da oposição, foi o único líder em queda: recolhe 55 por cento de apreciações positivas, contra os 56 por cento anteriores.
No terceiro lugar do “pódio” da popularidade surge a bloquista Catarina Martins, que num ano passou de 58 para 77 por cento. A seguir, surge a líder do CDS-PP, Assunção Cristas, com 70 por cento (Paulo Portas, desgastado por quatro anos de Governo, tinha meros 37 por cento).
Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, passando de 48 para 69 por cento, e André Silva (de 44 para 64 por cento) também tiveram subidas significativas, se bem que o deputado do PAN seja ainda o menos conhecido dos líderes políticos portugueses. Apenas 15 por cento dos inquiridos responderam que sim, que o conhecem.
Contas finais, todos os líderes tiveram mais avaliações positivas do que negativas, o que os técnicos do centro de sondagens da Católica lêem como um “indicador de alguma conciliação após o período de crispação que se seguiu às eleições legislativas”.
Ficha técnica
Esta sondagem foi realizada pelo CESOP–Universidade Católica Portuguesa para a Antena 1, a RTP, o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias nos dias 19 a 22 de novembro de 2016. O universo alvo é composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente e residentes em Portugal Continental. Foram selecionadas aleatoriamente dezoito freguesias do país, tendo em conta a distribuição da população recenseada eleitoralmente por regiões NUT II e por freguesias com mais e menos de 3200 recenseados. A seleção aleatória das freguesias foi sistematicamente repetida até que os resultados eleitorais das últimas eleições legislativas nesse conjunto de freguesias (ponderado o número de inquéritos a realizar em cada uma) estivessem a menos de 1% dos resultados nacionais dos cinco maiores partidos. Os domicílios em cada freguesia foram selecionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada domicílio o próximo aniversariante recenseado eleitoralmente na freguesia. Foram obtidos 977 inquéritos válidos, sendo 57% dos inquiridos do sexo feminino, 34% da região Norte, 23% do Centro, 29% de Lisboa, 6% do Alentejo e 8% do Algarve. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição de eleitores residentes no Continente por sexo, escalões etários, região e habitat na base dos dados do recenseamento eleitoral e das estimativas do INE. A taxa de resposta foi de 70%*. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 977 inquiridos é de 3,1%, com um nível de confiança de 95%.
* A taxa de resposta é estimada dividindo o número de inquéritos realizados pela soma das seguintes situações: inquéritos realizados; inquéritos incompletos; e recusas.