Portugal 2016. O que há de bom e de mau a registar?

por RTP

Uma artista, um físico, um humorista e um empresário. Todos diferentes, mas todos reunidos com um objetivo comum: analisar o que foi o país em 2016. No centro da mesa está o jornalista António José Teixeira, que distribui o jogo entre os convidados. O que têm em comum?

Todos recordam as vitórias dos portugueses pelo mundo este ano. António Guterres e a ONU, Marcelo e a selfie, Web Summit e a correria do negócio, os festivais de música e as ondas de fãs. Mas também se fazem ouvir críticas à banca e à falta de apoio à cultura.

Muitos foram os momentos que marcaram os dias deste ano e, neste especial "Portugal 2016", houve espaço para recordar os mais marcantes. Cada convidado, uma reflexão.

Carlos Fiolhais: "Um país decente tem de confiar nos bancos. Não pode ter o dinheiro no colchão"

O físico e professor catedrático da Universidade de Coimbra deixa críticas à banca, fazendo referência à situação na Caixa Geral de Depósitos. Diz Carlos Fiolhais que as notícias podem molestar um bem essencial: a confiança. "Nós vemos o dinheiro a desaparecer misteriosamente de sítios onde tínhamos confiança, como os bancos. O sistema financeiro português não para de nos surpreender.  Um país decente tem de ter confiança na banca. Não pode ter o dinheiro no colchão", diz o físico.

Rita Redshoes: "Devíamos evoluir na compreensão uns pelos outros"

A cantora e compositora lançou este ano o seu quarto álbum e por isso, diz, não tem razões para se queixar. Ressalva que este foi um "bom ano" para a música portuguesa, porque há "projetos muito bons" a ganharem espaço e há cada vez mais público a querer assistir. Ainda assim, sublinha um conceito que pode ajudar a resolver alguns dos problemas do país: compreensão. "A corrupção, por exemplo, não é só de um país. É uma questão do ser humano. Devíamos evoluir um pouco mais em termos de compreensão uns pelos outros e de inteligência comunitária", defende.

Miguel Pina Martins: "Mais vale ter uma parte pequena de uma grande herdade do que ser dono de um jardinzinho"

Miguel Pina Martins também não tem reclamações a fazer de 2016. O CEO da Science4you, empresa de brinquedos científicos e educativos, cresceu este ano de 11 milhões para cerca de 16 milhões de vendas. Diz que Portugal é uma marca forte na Europa, sobretudo no setor dos brinquedos em que a maioria dos produtos são chineses. O milagre? É pensar em primeiro lugar na empresa, e não em si próprio. "A nossa estratégia passou pela entrada constante de novos acionistas, de novo capital, para podermos continuar a crescer. Não tenho problemas de abdicar de algo para ter uma parte mais pequena. Sempre achei que mais vale ter uma parte pequena de uma garnde herdade do que ser dono de um jardinzinho", exemplifica.

Nilton: "Trump é péssimo para o humor, porque as piadas já vêm prontas"


O humorista e criativo diz que o ano foi frutífero em material de trabalho, mas não da forma como se pensa. Donald Trump, por exemplo, podia ser uma figura fácil de colocar em textos para fazer rir os outros. Mas não é assim tão óbvio. "As piadas vêm prontas. O Trump é péssimo para o humor porque já vem tudo pronto, é uma overdose", refere. Ainda assim, há sempre casos menos positivos que podem servir para comédia. Entristecem o cidadão Nilton, mas alimentam o humorista. "O caso do presidente do INEM, por exemplo. O cidadão Nilton fica triste e preocupado com isto. O humorista Nilton pensa que o INEM não só salva pessoas como também melhora a vida da pessoa. Neste caso, só de uma pessoa. Têm de trabalhar para ajudar mais pessoas", remata, entre risos. Veja o vídeo completo em cima.
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