O líder do PSD considerou hoje que a desconfiança dos parceiros europeus em Portugal instalou-se e que "um certo ceticismo" está a regressar quanto ao desenvolvimento orçamental e económico do país.
Numa intervenção num almoço com empresários promovido pelo Internacional Club of Portugal, o presidente social-democrata, Pedro Passos Coelho, falou por duas vezes das declarações que mostram que ao nível político começa a desenvolver-se, sobretudo nos parceiros europeus, a ideia de que Portugal pode "estar novamente no caminho do incumprimento".
Primeiro, sem se referir diretamente às declarações proferidas quarta-feira pelo ministro das Finanças alemão sobre um eventual segundo resgate a Portugal, Passos Coelho sublinhou que apesar da renovação do compromisso do Governo de que o país irá cumprir, isso não afastou a desconfiança.
"Na verdade a desconfiança instalou-se", vincou o antigo primeiro-ministro, reiterando que uma vez perdida a credibilidade ou confiança alcançada será muito difícil reverter a situação.
"Isso não se faz telefonando a uns investidores ou reunindo uns exportadores", ironizou, insistindo que o país poderá ser penalizado durante muito tempo se perder o "elo de confiança" com os mercados e que Portugal se está "perigosamente" a aproximar-se de "um período em que essa confiança pode ficar em causa e em que o trabalho para a reconstruir pode ser demorado".
Mais tarde, já em resposta a questões colocadas pelos empresários, Passos Coelho referiu-se diretamente às declarações do ministro das Finanças alemão, considerando que Wolfgang Schauble não deveria ter dito o que disse, "independentemente das motivações que possa ter tido".
"Quando estamos a falar de circunstâncias limite como são as que estão associadas a um pedido de ajuda externa tem de haver um comedimento muito grande, ainda para mais por parte de alguém que tem responsabilidades como ele tem", sustentou, lembrando, contudo, que esta é uma de entre várias declarações que vão aparecendo "denotando expetativa e desconfiança quanto ao caminho que está a ser seguido".
Pois, acrescentou, mesmo quando se fala sobre as sanções que podem ser aplicadas a Portugal, vê-se "um certo ceticismo a regressar quanto à forma como se pode perspetivar o desenvolvimento orçamental e económico em Portugal".
"Acho que era muito importante que o Governo se empenhasse fortemente em deixar muito claro quais são os instrumentos que pode utilizar, independente do acerto ou desacerto das políticas, de que essa situação não ocorrerá", vincou.