Coligação PSD/CDS voltaria a ganhar eleições sem maioria absoluta

por Ana Sofia Rodrigues - RTP
António Costa e Pedro Passos Coelho aquando da discussão no Parlamento do Programa do PSD/CDS-PP, que ditou a queda do Governo de coligação de direita, a 10 de novembro de 2015 Rafael Marchante - Reuters

A coligação PSD/CDS-PP tem mais intenções de voto do que o PS, mas não chegaria à maioria absoluta se houvesse agora eleições. É o que mostra uma sondagem da Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1, DN e JN. A maioria dos inquiridos considera que, em face do resultado das eleições, Pedro Passos Coelho deveria ser primeiro-ministro. Mas quando questionados sobre a decisão do Presidente da República de indigitar António Costa, 49 por cento dos inquiridos diz que Cavaco Silva tomou a melhor opção para o país, perante a composição do Parlamento. Todos os partidos subiriam se houvesse novas legislativas, com a exceção da CDU.

Depois de semanas de intensa atividade política, de um governo de coligação PSD/CDS-PP que caiu, de um acordo inédito à esquerda e da indigitação de António Costa para primeiro-ministro, esta sondagem pretende avaliar o tempo que passou desde as eleições legislativas de 4 de outubro até agora.

A estimativa de resultados eleitorais aponta para uma nova vitória da coligação PàF (PSD/CDS-PP) se houvesse agora eleições, com 41 por cento dos votos, mais 2,5 pontos percentuais do que os conquistados efetivamente nas urnas a 4 de outubro. Apesar do crescimento e mesmo com uma maior distância em relação ao PS, os valores não proporcionariam uma maioria absoluta na Assembleia da República.

O PS aumentaria também, conquistando 34 por cento dos votos (conquistou 32,3 por cento nas eleições), o que equivale a um crescimento de 1,7 pontos percentuais.



O Bloco de Esquerda também veria a sua votação aumentar, conquistando 11 por cento dos votos nesta estimativa de resultados eleitorais, quando nas eleições o valor atingido foi de 10,2 por cento.
Feitas as contas, os partidos de esquerda (PS, Bloco de Esquerda e CDU) conseguiriam agora 52 por cento dos votos.
A CDU, coligação que junta PCP e Partido Ecologista "Os Verdes", é a única força política que desce nesta sondagem. Conquistaria 7 por cento dos votos, quando nas legislativas conquistou 8,3 por cento.

De acordo com os resultados obtidos, verifica-se que a ordem relativa dos diferentes partidos permanece inalterada em relação ao que aconteceu nas eleições de outubro.

Regista-se ainda que 2 por cento dos inquiridos votariam noutras forças políticas, enquanto 3 por cento votariam branco ou nulo.
 
As estimativas de resultados eleitorais apresentadas neste estudo da Universidade Católica são obtidas calculando a percentagem de intenções diretas de voto em cada partido, em relação ao total de votos válidos e redistribuindo os indecisos com base numa segunda pergunta sobre a intenção de voto. Estas estimativas têm valor meramente indicativo.

Esta é a distribuição das intenções diretas de voto registadas:
 


O estudo aponta ainda para 15 por cento de inquiridos que não iria votar, um por cento que votaria noutras forças partidárias e 4 por cento de pessoas que votaria branco ou nulo.

Esta sondagem foi realizada nos dias 5 e 6 de dezembro de 2015. Foram obtidos 1.183 inquéritos válidos. A margem de erro é de 2,9 por cento, com um nível de confiança de 95 por cento.
Passos Coelho deveria ser primeiro-ministro
Na sua maioria, os inquiridos consideram que o primeiro-ministro deveria ser Pedro Passos Coelho, quando confrontados com a pergunta: “Tendo em conta os resultados das eleições, quem deveria ser primeiro-ministro: António Costa ou Pedro Passos Coelho?”.

São 52 por cento os inquiridos que acham que deveria ser Passos, enquanto 37 por cento dos inquiridos consideram que deveria ser António Costa.



Quando se cruza essa opinião pelo voto dos inquiridos nas eleições, observa-se uma divisão clara. Os eleitores do BE, CDU e PS são maioritariamente favoráveis à indicação de António Costa. Os inquiridos que votaram na coligação Portugal à Frente preferem, de forma esmagadora (94 por cento), o líder do PSD e da coligação de direita.
Quanto aos eleitores do Bloco de Esquerda, 55 por cento dos inquiridos preferiam António Costa e 38 por cento preferiam Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro.
Entre os eleitores do PS, 75 por cento dizem que António Costa deveria ser primeiro-ministro, enquanto 19 por cento consideram que deveria ser Passos Coelho. Os restantes estão na categoria “não sabe/não responde”.

Os eleitores da CDU consideram, na sua maioria, que Costa deveria ser o líder do Governo (53 por cento). 33 por cento consideram que deveria ser o líder do PSD a estar nesse cargo.
O Presidente decidiu bem?
Quando confrontados com a indigitação de António Costa pelo Presidente da República e “tendo em conta os resultados eleitorais e a composição do parlamento”, 49 por cento dos inquiridos consideram que esta foi a melhor opção para o país. Já 35 por cento dos inquiridos consideram que a indigitação do líder do PS não foi a melhor opção.



Apenas os eleitores da PàF consideram, na sua maioria (64 por cento), que a indigitaçãOs eleitores do PS são aqueles que mais apoiam a indigitação de Costa (83 por cento), enquanto 7 por cento dos socialistas consideram que esta não foi a melhor solução.o de António Costa não foi a melhor opção para o país.

Entre os eleitores do Bloco de Esquerda, 67 por cento acham que Cavaco Silva fez bem em indigitar o secretário-geral socialista, enquanto 22 por cento consideram que não fez bem.

Entre os inquiridos que se afirmam eleitores da CDU, 61 por cento concorda com a opção do Presidente da República e 33 por cento acham que não foi a melhor opção para o país.

PS deveria ter viabilizado governo PSD/CDS
Perante as duas opções possíveis depois das eleições (viabilizar um governo PSD/CDS ou procurar formar um governo apoiado por PS, BE, PCP e Verdes), "qual teria sido a melhor opção do PS para o bem do país?"

A esta pergunta, 44 por cento dos inquiridos diz que o PS deveria ter viabilizado um governo da coligação de direita. Já para 39 por cento dos envolvidos na sondagem a melhor opção foi formar governo com apoio de partidos à esquerda.



A opção que o PS escolheu é, de acordo com o Barómetro, legitimada pela opinião maioritária dos eleitores socialistas (71 por cento). Também a maior parte dos eleitores do BE (70 por cento) e da CDU (69 por cento) dizem que esta opção do PS é a que melhor serve os interesses do país.

Entre os partidos à esquerda, é na CDU que se encontra uma maior percentagem de inquiridos (28 por cento) contrários à opção de formar Governo socialista com apoio do BE, PCP e Verdes. Contra a opção à esquerda e a preferir a viabilização do governo PSD/CDS estão 20 por cento dos eleitores do BE, 18 por cento dos eleitores do PS e 86 por cento dos eleitores da coligação Portugal à Frente.
Passos sobe, Costa desce, Catarina destaca-se
Os inquiridos foram chamados a pronunciar-se especificamente sobre o tempo decorrido entre as últimas eleições legislativas e a data do inquérito.

Todas as figuras políticas alvo da sondagem receberam uma nota média negativa (numa escala de zero a 20), sendo que a média neste tipo de avaliação é prejudicada pelas posições extremadas que muitos inquiridos assumem.
Do inquérito ressalta ainda que a porta-voz do Bloco de Esquerda já é reconhecida por quase todos os inquiridos (90 por cento).
Em termos de percentagem, Catarina Martins (BE) é a líder partidária com mais avaliações positivas (58 por cento, contra 51 por cento registada em junho de 2015). Em termos de avaliação média, está nos 9,2 valores, acima dos 8,3 registados em junho.

Pedro Passos Coelho, ex-primeiro-ministro e líder do PSD e da coligação Portugal à Frente, regista 56 por cento de avaliações positivas, subindo 14 pontos percentuais em relação àquela que era a avaliação na sondagem de junho. Na escala de 0 a 20, situa-se nos 8,9 valores, acima dos 7,5 registados em junho.

Já António Costa vê descer o número de avaliações favoráveis desde essa data. Passa de 52 por cento de opiniões positivas para 47 por cento. Na avaliação média conquista 8,1 valores, abaixo dos 8,6 registados em junho: o líder do PS passa do primeiro lugar de junho em termos de avaliação média para o terceiro lugar.

O Presidente da República é avaliado positivamente por 48 por cento dos inquiridos, e negativamente por 52 por cento. A avaliação está nos 7,7 valores, acima dos 7,6 registados na anterior avaliação.
 


Paulo Portas sobe, mas de forma mais ténue do que o parceiro de coligação Pedro Passos Coelho. Passa dos 34 por cento de avaliações positivas em junho para os 37 por cento. Na avaliação média, está nos 6,7 valores (6,3 em junho). É, no entanto, a figura política com uma avaliação média mais baixa e com menor percentagem de avaliações positivas.

Já Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, sobe ligeiramente (um ponto percentual) em relação a junho, obtendo agora 48 por cento de avaliações positivas. Já na avaliação média, o secretário-geral do PCP desce de 8,1 valores para os 7,9.

O deputado eleito em outubro pelo partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) entra pela primeira vez neste barómetro. Poucas pessoas (22 por cento) conhecem o seu nome.

Se houvesse agora eleições legislativas, 66 por cento dos inquiridos afirmaram que iam votar de certeza, 13 por cento responderam que em princípio iriam votar, 7 por cento ainda não sabiam se iam votar e 15 por cento revelaram que não iria votar ou que não tencionava fazê-lo.

Ficha técnica

Esta sondagem foi realizada pelo CESOP–Universidade Católica Portuguesa para a Antena 1, a RTP, o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias nos dias 5 e 6 de dezembro de 2015. O universo alvo é composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente e residentes em Portugal Continental. Foram selecionadas aleatoriamente dezoito freguesias do país, tendo em conta a distribuição da população recenseada eleitoralmente por regiões NUT II e por freguesias com mais e menos de 3200 recenseados. A seleção aleatória das freguesias foi sistematicamente repetida até que os resultados eleitorais das últimas eleições legislativas nesse conjunto de freguesias (ponderado o número de inquéritos a realizar em cada uma) estivessem a menos de 1% dos resultados nacionais dos cinco maiores partidos. Os domicílios em cada freguesia foram selecionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada domicílio o próximo aniversariante recenseado eleitoralmente na freguesia. Foram obtidos 1183 inquéritos válidos, sendo 58% dos inquiridos do sexo feminino, 34% da região Norte, 20% do Centro, 34% de Lisboa, 5% do Alentejo e 7% do Algarve. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição de eleitores residentes no Continente por sexo, escalões etários, região e habitat na base dos dados do recenseamento eleitoral e das estimativas do INE. A taxa de resposta foi de 69% (taxa de resposta é estimada dividindo o número de inquéritos realizados pela soma das seguintes situações: inquéritos realizados; inquéritos incompletos; e recusas). A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1183 inquiridos é de 2,9%, com um nível de confiança de 95%.
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