O ministro alemão das Finanças tutela uma empresa, a Bundesdruckerei, que tinha negócios com uma firma fictícia criada no Panamá. Podia saber tudo, porque a informação lhe era oferecida de bandeja. Preferiu ignorar.
Agora, o site daquela revista alemã avança com mais alguns dados, para além da identificação parcial do informante: este continuou a insistir para ser ouvido, pelo menos até Janeiro deste ano. Nessa altura, já impaciente, enviou um e-mail advertindo o secretário de Estado Werner Gatzer de que no futuro não poderia invocar desconhecimento daquilo que estava a fazer-se a coberto da sua passividade.
Citação do e-mail
"Por favor não venha dizer no futuro que não fez nada por não saber o que se passava".
E acrescentava: "Como já lhe disse em e-mails anteriores, tenho mais de 30.000 mails e documentos sobr este caso. Eu poderia ser contactado. A porta para o diálogo esteve sempre aberta".
Tal como as mensagens do ano anterior, esta tão pouco recebeu qualquer resposta. Foi já depois de rebentar o escândalo dos "Panama Papers" que o Ministério suspendeu o gestor de topo Jörg Baumgartl, que dirigia a Bundesdruckerei e alegadamente esteve na origem da criação da firma fictícia no Panamá.
Mas a travagem das operações que estavam em curso podia ter ocorrido pelo menos dois anos antes e não precisava de ter dependido das revelações da imprensa.