A Universidade dos Açores lançou hoje uma página `online` para registo do aparecimento de águas-vivas (alforrecas) e caravelas no arquipélago, um "projeto pioneiro" para estudar cientificamente o fenómeno e em que se apela à colaboração dos cidadãos.
"É o primeiro projeto realmente dedicado a estudar esses organismos nos Açores, apesar de esta preocupação já existir há muito tempo [...]. Portanto, estamos a ser inovadores a tentar perceber realmente porque há alturas do ano em que se agregam mais medusas do que noutras", afirmou o biólogo Carlos Moura, em declarações à agência Lusa.
A iniciativa do Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP), em parceria com o Instituto do Mar (IMAR), pode ser consultada através do endereço eletrónico www.medusa.uac.pt e a investigação está a ser coordenada pelos biólogos marinhos Carlos Moura e João Gonçalves e pela oceanógrafa Ana Martins.
Segundo Carlos Moura, nos Açores não existiam ainda estudos de monitorização para estas espécies e, consequentemente, muito pouco se sabe sobre a biologia, a variabilidade genética e a distribuição das mesmas no arquipélago.
Com este registo `online`, pretende-se também auxiliar as políticas de gestão pesqueiras e medidas de proteção de costa para atividades marítimo-turísticas.
Em janeiro, o docente do Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores João Gonçalves defendeu a criação de um programa que permitisse "a monitorização regular" das águas-vivas para "estudar o fenómeno e tentar mitigar o problema".
No último verão, banhistas de várias zonas dos Açores alertaram para uma maior concentração de águas-vivas em zonas balneares açorianas.
Apesar de só hoje ter sido oficialmente anunciado, o projeto já está a receber registos por parte de nadadores-salvadores em várias ilhas e capitanias desde o início da época balnear.
Carlos Moura adiantou que o objetivo agora passa por apelar também à participação dos cidadãos em geral para que quando detetarem nas zonas balneares águas-vivas e caravelas façam o registo, com fotografias.
"Pretende-se com esta iniciativa incentivar os cidadãos e comunidades públicas a contribuírem também para o conhecimento científico através de conceito `cidadão cientista`, sob a supervisão dos cientistas e/ou instituições científicas regionais", disse Carlos Moura, acrescentando, sem quantificar, que em junho e julho já há registos de medusas em algumas ilhas.
Os dados estão ainda a ser processados.
O biólogo referiu que existem diversas teorias sobre as grandes agregações de medusas, tais como a influência dos ventos, marés, correntes oceânicas, temperatura da água, nutrientes, fitoplâncton, variabilidade sazonal e inter-anual, poluição marinha, reprodução das espécies e declínio de predadores naturais, como tartarugas e algumas espécies de peixes.