Segunda-feira negra de incêndios em Portugal

por RTP
As chamas espalham-se ao longo de uma estrada em A-dos Ferreiros a 8 de agosto de 2016 Nuno Andre Ferreira - Lusa

A Protecção Civil está preocupada com várias situações de incêndios, todos a norte de Portugal continental. Além de Águeda e de Gouveia, as chamas preocupam em Arcos de Valdevez, Nelas e Vila Nova de Cerveira e vão necessitar do maior número de meios.

José Manuel Moura, comandante operacional nacional da Proteção Civil disse que, até às 20h25, se tinham registado 310 incêndios florestais. O pior dia do ano mantinha-se domingo dia 7, com 455 fogos registados.

Incêndios ativos a essa hora eram 66, 55 dos quais iniciados esta segunda-feira e 11 de domingo, que envolviam 3.024 bombeiros e 907 meios.

Em Águeda, a maior frente de todas aproximava-se da Serra do Caramulo.

Gil Nadais, presidente da Câmara de Águeda afirmou durante a tarde que o fogo estava a avançar com "uma intensidade brutal".

Referiu depois ao telejornal que uma enorme frente de fogo, de uma extensão ainda por calcular, iria dar muitas preocupações.

"Isto está péssimo e eu só tenho conhecimento de uma frente. Temos uma frente na serra que há meia hora estava brutal" afirmou Gil Nadais à Lusa, admitindo que o incêndio pudesse prolongar-se durante a noite e madrugada.

Este fogo, que deflagrou às 04:09 em Préstimo, Águeda, já obrigou a evacuar um lar de idosos e destruiu um armazém de materiais de construção no lugar de A-dos-Ferreiros.

Segundo a ANPC, o incêndio, que se desenvolveu em quatro frentes, está a ser combatido por 238 homens, 75 viaturas e dois meios aéreos.

Foi já decretado o estado de emergência municipal em Águeda.

O distrito de Viseu registava ao fim da tarde quatro incêndios de grandes dimensões - com o de Nelas a envolver 114 operacionais - e Viseu dois - com Águeda a envolver 238 operacionais e Arouca 265.

Neste último concelho, as quatro frentes ativas acabaram por ser controladas ao fim da tarde com uma perspetiva de três a quatro horas para consolidar e fazer trabalhos de rescaldo. 

Na Madeira, um incêndio declarou-se ao fim da tarde e rapidamente assumiu proporções preocupantes, ameaçando casas.

Ter-se-á tratado de fogo posto, apontam os indícios recolhidos. A investigação foi entregue à polícia judiciária.

O vento arrastou as chamas para uma zona industrial onde estas assumiram proporções devastadoras.

GNR reforça vigilância
A GNR anunciou o reforço do patrulhamento das florestas em todo o país e apela à população para colaborar na prevenção e na vigilância.

Numa nota de imprensa, a GNR lembra que "as atividades humanas, negligentes ou dolosas, constituem as principais causas dos incêndios florestais em Portugal".

A GNR apela a "todas as pessoas" para que ajudem na prevenção e vigilância, "abstendo-se de praticarem atividades consideradas de risco, como a realização de fogo junto a áreas florestais", ou "fornecendo informações aos militares" sobre ações que possam conduzir a incêndios.

Desde o início do ano já foram detidas sete pessoas por suspeita de atearem fogos, afirma a corporação.
Sem tréguas em Gouveia
As chamas avançaram sem dar tréguas em Gouveia. A reportagem da RTP teve de fugir perante o avanço incontrolável das chamas. Em Rio Torto, várias casas foram ameaçadas.

O vento e as altas temperaturas empurraram as chamas ao longo da floresta. Na zona onde estava a RTP, junto à estrada nacional 17, não se viam bombeiros.

Só ao fim da tarde foi possível descansar um pouco. O presidente da Câmara de Gouveia reconheceu que faltaram bombeiros para tantas frentes ativas no concelho.

O Presidente da Liga de Bombeiros, Jaime Marta Soares, não poupa críticas à tutela, sobretuido devido à falta de planeamento florestal.

Em Silves, um grande incêndio, combatido por todas as corporações do Algarve, está a consumir sobretudo mato e eucaliptos.

A recolha dos meios aéreos devido à noite irá obrigar os bombeiros a um trabalho mais intenso para dominar as chamas. Nenhuma casa foi atingida pelas chamas mas 16 pessoas tiveram de ser retiradas de povoados no meio da Serra.

Espinho raciona água
O incêndio que lavrou em Gondomar atingiu hoje a Estação de Tratamento de Água (ETA) de Lever, em Gaia, que abastece a região do Grande Porto, levando a que, pelo menos, Espinho já tenha recomendado racionamento de água.

Numa nota de imprensa sob o título de "Alerta à população", a Câmara Municipal de Espinho informa "a população que deverá fazer um racionamento/contenção do consumo de água da rede pública nos próximos dias", admitindo a Águas do Norte, segundo a autarquia, que "possa haver cortes ou redução do caudal no fornecimento público de água até que o equipamento atingido pelo fogo seja reparado".
Plano de emergência em Barcelos
 A Câmara de Barcelos admitiu hoje que poderá decretar o acionamento do Plano Municipal de Emergência, face aos incêndios que fustigam a zona norte do concelho.

Em comunicado, a Câmara refere que foi convocada para terça-feira uma reunião da Comissão Municipal de Proteção Civil, para avaliar a situação dos incêndios e definir a adoção das medidas tendentes a minimizar os seus impactos.

"O encontro permitirá aferir a necessidade de decretar o acionamento do Plano Municipal de Emergência", acrescenta o comunicado.

Um incêndio florestal que deflagrou pelas 14h58 de domingo em Tamel Santa Leocádia, em Barcelos, já se propagou a várias outras freguesias, continuando com três frentes ativas.

O 2.º comandante operacional distrital de Braga, Vítor Azevedo, disse à Lusa que o incêndio "está a evoluir muito favoravelmente" e que as "perspectivas são muito animadoras, havendo apenas duas frentes pequenas ativas nas freguesias de Parelhal e Palme.
Arcos de Valdevez aciona plano de emergência
A Câmara Municipal de Arcos de Valdevez acionou na noite desta segunda-feira o plano Municipal de Emergência devido à gravidade do incêndio que tem assolado a região, disse à Lusa Olegário Gonçalves, vereador da Proteção Civil.

No Parque Nacional Peneda-Gerês foi evacuado um hotel e os habitantes da pequena aldeia de Vilar de Suente, no Soajo, foram abrigados dentro de uma capela para se abrigarem das chamas e depois serem recolocados num lugar seguro.

A autarquia de Arcos de Valdevez explicou também que se trata de população muito idosa a que vive no pequeno local e revelou que um bombeiro ficou ferido na luta contra as chamas na Gavieira.

Localizado em Viana do Castelo, as frentes mais perigosas e que colocam maiores obstáculos aos bombeiros são as de Selim, na freguesia de Couto, e a propagação das chamas para uma localidade chamada Cabana Maior.


Com Lusa
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