Santana Lopes jogou tudo por tudo e perdeu - perfil

por Agência LUSA

Pedro Santana Lopes jogou o tudo por tudo nas legislativas de hoje, mas obteve uma estrondosa derrota, a pior da sua carreira política iniciada há 27 anos.

O presidente do PSD e primeiro-ministro cessante tem 48 anos, é divorciado e tem cinco filhos.

Foi em 1978, quando Santana Lopes tinha pouco mais de 20 anos e dois de filiação no PPD/PSD, que o então chefe de Governo, Francisco Sá Carneiro, o convidou pela primeira vez para um cargo político:

adjunto do ministro-adjunto do primeiro-ministro.

Dois anos mais tarde, o agora líder do PSD vai para a Assembleia da República como deputado e, em 1982, recém-licenciado em Direito, chega à presidência da Comissão Política Distrital de Lisboa do partido.

Pela mão de Cavaco Silva, a sua carreira política ganha novo impulso, e torna-se secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros em 1985.

Em 1987, candidata-se às eleições europeias, como cabeça de lista do PSD, e acaba por trocar Lisboa por Bruxelas durante dois anos.

De regresso a Portugal, Santana Lopes opta pela comunicação social, fundando, juntamente com Rui Gomes da Silva, agora um dos ministros mais polémicos do seu Governo, o grupo "Projectos, Estudos, Informação", que compra o jornal Record e o Diário Popular e ajuda ainda à constituição do jornal Liberal e da Rádio Geste.

Contudo, os maus resultados do projecto levam de novo Santana Lopes à política e, mais uma vez pela mão de Cavaco Silva, de quem se torna, entre 1989 e 1995, secretário de Estado da Cultura.

Em 1995, após a saída de Cavaco da direcção do PSD, Santana lança-se pela primeira vez na luta pela liderança do partido social- democrata, candidatando-se contra Fernando Nogueira e Durão Barroso, mas opta por não ir a votos.

Ainda nesse ano, Santana Lopes retira-se mais uma vez da política e candidata-se à presidência do Sporting, o seu clube de sempre, mas apenas um ano depois, volta à corrida pela liderança do PSD, depois do desafio lançado por Marcelo Rebelo de Sousa, que acabou por levar a melhor no congresso de Santa Maria da Feira, tornando-se presidente do partido.

Apesar de ter sido seu adversário no escrutínio interno, Marcelo desafia Santana Lopes a candidatar-se à Câmara da Figueira da Foz, autarquia que conquista, em Dezembro de 1997, com perto de 60 por cento dos votos.

Em 2000, e pela terceira vez em cinco anos, volta a concorrer à liderança do PSD, medindo forças com Luís Marques Mendes e, mais uma vez, com Durão Barroso, que acaba por conquistar o lugar.

Com Durão Barroso na liderança do partido, Santana volta a surpreender e, contra todas as previsões, ganha a Câmara de Lisboa, batendo o socialista João Soares nas autárquicas de 16 de Dezembro de 2001.

Em Junho de 2004, após a demissão do então primeiro-ministro Durão Barroso, que abandonou o executivo PSD/CDS-PP para assumir a presidência da Comissão Europeia, deixando também a liderança do PSD, Santana Lopes surgiu como o sucessor natural.

A sucessão foi formalizada em reunião do Conselho Nacional do partido.

A 17 de Junho, e na sequência da decisão do Presidente da República de não convocar eleições antecipadas apesar da demissão de Durão Barroso, Santana Lopes toma posse como primeiro-ministro.

Nos quatro meses seguintes, foram várias as polémicas que envolveram o Governo de Santana Lopes, entretanto reconfirmado na liderança social-democrata num congresso realizado em meados de Novembro.

No final desse mês, uma nova crise abala o Governo de Santana Lopes: o ministro do Desporto, Henrique Chaves, abandona o executivo com duras críticas ao chefe do executivo, que acusa de falta de lealdade.

Dois dias depois, o Presidente da República anuncia que vai convocar eleições antecipadas, frisando, contudo, que a decisão "não teve que ver com a remodelação do ministro Henrique Chaves, mas com a apreciação política global" feita pelo chefe de Estado.

Em Dezembro, Jorge Sampaio convocou para dia 20 de Fevereiro as eleições legislativas antecipadas.

No final duma campanha eleitoral em que apareceu praticamente sozinho e em que jogou na vitimização, Santana Lopes alcançou uma derrota histórica de que dificilmente se irá recompor.

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