Ordem dos Médicos quer estabelecer tempos mínimos de consultas
A Ordem dos Médicos vai propor tempos mínimos para consultas de diferentes especialidades. As de medicina geral e familiar, por exemplo, devem demorar pelo menos 30 minutos. Os períodos para as diferentes especialidades são definidos tendo em conta se se trata ou não de uma primeira consulta e se há recurso a tecnologia.
Segundo o bastonário, “há muito tempo que se anda para acertar a lista de utentes dos médicos de família, mas ela nunca mais se acerta”.
“Porque o médico de família, muitas vezes, não tem doentes. Tem utentes, nem todas as pessoas que estão no médico de família são doentes”, acrescentou.
Miguel Guimarães considera que é exequível ter consultas de 30 a 45 minutos nos Centros de Saúde.
O Bastonário frisa que “o médico de família tem obrigações suplementares relativamente àquilo que é a promoção da saúde, à prevenção da doença, à participação em estudos que permitam ter uma ação mais consertada nesta matéria. Que é fundamental para nós conseguirmos melhorar a qualidade de vida das pessoas e para termos uma carga de doença crónica menos elevada”.
“É natural que os médicos de família precisem de mais tempo, numa primeira consulta, na avaliação global do doente. Que não é só a história clínica propriamente dita, vai para além disso, que tenham que ter mais tempo. E nesta altura têm os tempos de facto muito reduzidos em função de várias circunstâncias”.
Para Miguel Guimarães, “é importante nós termos uma intervenção sobre aquilo que neste momento tem maior ameaça na medicina, que é precisamente o tempo que o médico e o doente têm para conversarem, para chegarem a uma conclusão sobre o que vai ser o percurso seguinte do doente”.
“Tem sido ameaçado por vários fatores. Por um lado pela pressão elevada que existe, neste momento, a nível dos serviços públicos. Na privada também, mas nos serviços públicos é mais evidente”, esclareceu.
Nova tecnologia
Para combater estes problemas informáticos, a Ordem dos Médicos vai apresentar uma proposta que “pode significar dar um ou dois passos atrás para depois podermos dar um passo em frente, com mais firmeza e mais segurança”.
"A medicina hoje é muito melhor do que há 20 anos. A medicina evoluiu de tal forma que hoje conseguimos tratar os doentes mais depressa, com mais eficácia e com menos complicações", garante.