Montemor-o-Velho critica gestão da barragem da Aguieira

por Lusa

Montemor-o-Velho, Coimbra, 11 jan (Lusa) - O presidente da Câmara de Montemor-o-Velho, distrito de Coimbra, criticou hoje a EDP, argumentando que a entidade gestora deixou encher a barragem da Aguieira e está a fazer descargas que põem em risco as populações do vale do Mondego.

"Não compreendemos e não aceitamos que sejamos confrontados ao início da manhã de hoje com esta situação de cheia iminente. Quem gere a barragem da Aguieira não a pode deixar encher e depois largar a água como se não houvesse pessoas e bens a jusante. Não há o mínimo respeito pelas populações", disse à agência Lusa Emílio Torrão.

O autarca criticou ainda a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), questionando o porquê da chamada Estação do Foja [sistema de bombagem que pode retirar água do rio Foja, afluente da margem direita do Mondego e despejá-la no leito principal do rio] não estar a funcionar.

"Devem estar em poupança de energia porque as bombas estão paradas. Quando temos água a mais não atuam, só o fazem no limite, quando a cheia já é irreversível. Lamentavelmente estamos num país de faz de conta", acusou Emílio Torrão.

O autarca disse que o caudal do rio Mondego, cerca das 13:00 de hoje, era de 1.350 metros cúbicos por segundo (m3/s) na ponte açude de Coimbra "com tendência a aumentar" e que a situação vai levar à subida do nível das águas no leito periférico direito do rio Mondego, atingido as freguesias de Tentúgal, Meãs do Campo, Carapinheira, Ereira e Montemor-o-Velho, onde se espera que possam vir a ser cortadas vias de comunicação.

Também o presidente da junta de Ereira, uma das povoações que mais sofre os efeitos das inundações no vale do Mondego, criticou os responsáveis da barragem da Aguieira e a APA pela previsível situação de cheia que deverá afetar a freguesia na tarde de hoje.

"A Ereira acaba sempre por ser a mais fustigada pelas águas. Não se entende, é lamentável e intolerável que a Agueira esteja a acumular água e que quando chega ao limite máximo faça descargas sem se preocupar com as populações. Esta situação tem de ser repensada", afirmou.

Sobre a situação da estação de bombagem do Foja "que deveria retirar água do leito periférico para o canal central do rio", Vasco Martins disse que uma das bombas "não está lá e a outra está parada".

"Afinal, aquela central serve para quê?", questionou.

A autarquia de Montemor-o-Velho reuniu hoje com entidades que integram a Proteção Civil municipal (serviços camarários, bombeiros e GNR, entre outras), tendo em prática um plano que prevê, ainda antes de previsível subida das águas, a sinalização e condicionamento de vias de comunicação que possam vir a ser afetadas bem como outras medidas de proteção de pessoas e bens.

De acordo com o presidente da Câmara, a autarquia disponibiliza informação "em tempo real" na página de internet do município e na rede social Facebook.

A Proteção Civil alertou hoje para a possibilidade de cheias e inundações em algumas zonas ribeirinhas do distrito de Coimbra, por se prever a continuação da chuva e um "agravamento dos caudais na bacia" do rio Mondego.

Em comunicado, a Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) indicou que é esperada a continuação da chuva hoje e na terça-feira nos distritos de Viseu, Coimbra e Guarda.

Em consequência, prevê-se um "escoamento superficial e sub-superficial tendencialmente elevado", o que poderá originar cheias e inundações, em particular na bacia do rio Mondego.

Assim, a Proteção Civil admite a possibilidade de cheias, em particular nas zonas ribeirinhas "historicamente mais vulneráveis" dos municípios do Coimbra, Soure, Montemor-o-Velho e Figueira da Foz.

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