Fora da cadeia: José Sócrates saiu esta sexta-feira do Estabelecimento Prisional de Évora. O ex-primeiro-ministro já está em casa, depois de ter visto a medida de coação alterada e depois de ter estado nove meses na cadeia. José Sócrates fica agora em prisão domiciliária com vigilância policial.
Em nota enviada à comunicação social, a Procuradoria-Geral da República considera que, face “à prova reunida desde a última reapreciação, se mostra reforçada a consolidação dos indícios, o que diminui o perigo de perturbação do inquérito”.
A Comarca de Lisboa, também em nota enviada à comunicação social, explica que José Sócrates está proibido de contactar de forma direta ou indireta com diversas entidades e pessoas singulares, sem especificar quais.
A aplicação da prisão domiciliária é justificada pela “perigo de perturbação do inquérito na vertente de aquisição e conservação da prova (…) e não no perigo de fuga”.
José Sócrates estava na cadeia desde dia 25 de novembro de 2014, depois de ter sido detido no aeroporto da Portela a 21 de novembro. O ex-primeiro-ministro é suspeito dos crimes de corrupção passiva para ato ilícito, branqueamento de capitais e fraude fiscal.
O preso 44 do Estabelecimento Prisional de Évora esteve 288 dias em prisão preventiva. Chegou a casa, em Lisboa, perto das 21h00, tendo sido aplaudido por alguns populares que estavam no local. Nem Sócrates, nem o advogado João Araújo prestaram declarações aos jornalistas.
Recurso na calha
O advogado de José Sócrates considerou hoje "insuficiente" a alteração de prisão preventiva para prisão domiciliária da medida de coação imposta ao ex-primeiro-ministro e já revelou que vai recorrer da decisão.
"Esta decisão é insuficiente e será intentado recurso", referiu o advogado João Araújo à agência Lusa.
Questionado sobre o motivo que o leva a afirmar que a decisão do juiz Carlos Alexandre é "insuficiente", Araújo argumentou que José Sócrates "devia ser libertado pura e simplesmente, com ou sem pedido de desculpas".
"Não faço nenhum comentario"
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, recusou-se hoje a fazer qualquer comentário sobre a alteração da medida de coação aplicada ao seu antecessor.
"Foi sempre assim: não é hoje que vou abrir uma exceção. Não faço nenhum comentário", disse Pedro Passos Coelho. Em oposição, Jerónimo de Sousa foi mais longo no comentário a esta notícia. O líder comprometeu-se a não usar este caso como arma de arremesso na campanha eleitoral.
No arranque da Festa do Avante, o secretário-geral do PCP disse esperar que prevaleça a eficácia no processo de José Sócrates e que este decorra com serenidade.
"Há sempre aqueles..."
Em Braga, António Costa reagiu à alteração da medida de coação de José Sócrates. O secretário-geral socialista diz aguardar pelo trabalho da justiça. Costa promete não contaminar a atividade judiciária, e que também não vai deixar que "a atividade judiciária contamine a atividade política do Partido Socialista".
Questionado sobre se teme que esta saída seja aproveitada pelos adversários políticos do PS, Costa diz que "há sempre aqueles a quem puxa o pezinho para o chinelo"
"Os portugueses estão suficientemente maduros para sancionarem aqueles que querem fazer aproveitamentos indevidos", classificando ainda as polémicas declarações de Rangel na última semana de "inadmissíveis".
"Os portugueses sabem bem separar as águas", confia o candidato.