Foram detidos para interrogatório, esta quinta-feira, sete responsáveis pelo 127.º Curso de Comandos, no âmbito da investigação às mortes dos militares instruendos Hugo Abreu e Dylan Silva. Os cinco oficiais e dois sargentos vão ser interrogados pela procuradora Cândida Vilar, do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa.
A RTP apurou que o tenente-coronel Mário Maia, diretor do curso, e o capitão Miguel Onofre Domingues, médico responsável pelo curso, estão entre os detidos.
Os tenentes Hugo Pereira e Miguel Almeida, responsáveis pelos grupos de Hugo Abreu e Dylan Araújo da Silva, também foram detidos, bem como os sargentos Ricardo Rodrigues e Nuno Pinto, que chefiavam os grupos em complementaridade com os oficiais. Os arguidos só serão presentes a juiz na sexta-feira.
Em direto da Carregueira, para o Jornal da Tarde, a jornalista Sandra Felgueiras detalhou as diligências desta quinta-feira.
Em declarações telefónicas à RTP, o porta-voz do Exército confirmou a detenção para interrogatório dos sete militares, tendo os mandatos sido apresentados pela Polícia Judiciária Militar.
Vicente Pereira esclarece que o Exército está a colaborar com a PJM, embora recorde que esta é uma investigação independente daquela que está a ser realizada pelo Exército.
No âmbito desta investigação tinham já sido constituídos arguidos dois militares enfermeiros, indiciados por prática de crimes de omissão de auxílio e abuso à integridade física.
O sargento João Coelho e a furriel Isabel Nascimento eram os únicos dois enfermeiros que estavam presentes no Campo de Tiro de Alcochete no primeiro dia de instrução do 127.º curso dos comandos, quando se deram os acontecimentos.
"Golpe de calor"
Os incidentes no 127.º curso de comandos ocorreram no início de setembro. Segundo a autópsia à qual o Sexta às 9 teve acesso, Hugo Abreu e Dylan Araújo da Silva morreram devido a um "golpe de calor" que os levou a um quadro de desidratação irrecuperável.Em comunicado, a Procuradoria-Geral da República confirma que os sete militares detidos são suspeitos de "crimes de abuso de autoridade por ofensa à integridade física".
A morte dos militares está a ser investigada em várias frentes: o Exército abriu o processo de averiguações que ditou a abertura de processos disciplinares; as detenções que ocorreram esta quinta-feira foram feitas na sequência das investigações do Ministério Público e da Judiciária Militar.
Em paralelo com este inquérito, decorre ainda uma inspeção técnica extraordinária que incide sobre os referenciais do curso e o processo de seleção. Até estar concluída essa inspeção, está suspensa a realização de mais cursos.
“Quando tudo tiver terminado e analisado, sua excelência o general chefe de Estado-Maior do exército irá proferir a sua decisão quanto à continuação dos cursos de comandos”, explicita o porta-voz do Exército. Vicente Pereira não avança com datas para a conclusão da investigação.