O Presidente da República referiu-se ao 10 de Junho como sendo o “dia da raça”, uma designação usada durante o Estado Novo. A declaração de Cavaco Silva provocou polémica e o Bloco de Esquerda e o PCP já vieram pedir esclarecimentos ao Chefe de Estado.
Fernando Rosas, deputado do Bloco de Esquerda, entende que Cavaco Silva deve explicações ao país.
“Achamos que o Presidente deveria esclarecer, deveria dar uma explicação, dizer enganei-me, dizer qualquer coisa”, afirmou o deputado à RTP
“Passar isto em branco, como se isto fosse a forma como o Chefe de Estado designa o 10 de Junho já é uma questão política que merece discussão”, acrescentou.
Já ontem, em comunicado o Bloco de Esquerda manifestou “perplexidade” considerando que Cavaco Silva recuperou “terminologia racista e segregadora do Estado Novo”.
“É incompreensível que o mais alto representante da República veicule publicamente a pior imagética do anterior regime, insistindo na existência de um suposto atributo rácico comum à cidadanias nacional que merece ser exaltado na sua superioridade”, acrescentava o BE em comunicado.
Também o PCP veio exigir a Cavaco Silva que explique aos portugueses a utilização do termo “dia da raça” para se referir ao 10 de Junho.
“É mais grave quanto quem faz esta afirmação é o mais alto responsável da hierarquia do Estado português”, afirmou Jorge Cordeiro, membro da Comissão Política do PCP, à agência Lusa.
“Trata-se de uma expressão pouco compatível com os valores de Abril e o regime democrático”, declarou.
Segundo Jorge Cordeiro, “as responsabilidades que envolvem o Presidente da República recomendam para um esclarecimento sobre aquilo que disse: o se trata de ul lamentável equívoco ou existe outra explicação para este termo”.
Desde 1977 que a designação oficial do 10 de Junho como “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”. Durante o Estado Novo era utilizada a designação “Dia de Portugal de Camões e da Raça”.