Costa na procissão do Santo Cristo dos Milagres com mensagem de "respeito institucional"

por Lusa

Ponta Delgada, 01 mai (Lusa) - O primeiro-ministro considerou hoje que a sua participação na procissão do Senhor do Santo Cristo dos Milagres, em Ponta Delgada, representa um gesto de "respeito institucional" por uma das festas religiosas mais antigas da Igreja Católica portuguesa.

António Costa integrou a ala cívica da procissão do Senhor de Santo Cristo, juntamente com o presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, e com o representante da República, Pedro Catarino.

Esta não foi porém a primeira vez que um primeiro-ministro, ou um titular de um órgão de soberania, teve participação na procissão. Durão Barroso fê-lo enquanto primeiro-ministro em 2004 e o antigo chefe de Estado Ramalho Eanes, no início da década de 80, foi o primeiro a ter presença ativa no evento.

A procissão com o andor de Santo Cristo saiu por volta das 16:00 locais (17:00 em Lisboa) do Santuário da Esperança, no Campo de São Francisco, em Ponta Delgada, mas o grupo de políticos - onde também estava a deputada social-democrata Berta Cabral e o líder parlamentar do PS, Carlos César - apenas iniciou a sua longa volta a pé cerca hora e meia depois.

O cortejo abriu com o bispo de Angra do Heroísmo, João Lavrador, que tem este ano as suas primeiras festividades, e com o bispo emérito, António Sousa Braga.

Na cabeça da procissão, a seguir às autoridades religiosas, saíram os membros da Irmandade de Santo Cristo e um extenso grupo de mulheres que cumprem promessas, todas vestidas de negro.

A procissão, que se iniciou a meio da tarde no Campo de São Francisco - e em que António Costa estará presente até ao fim -, apenas deverá terminar já bem de noite, depois de percorrer várias ruas de Ponta Delgada, com o andor do Senhor Cristo a regressar ao Santuário da Esperança.

Em declarações aos jornalistas, António Costa desvalorizou as críticas que surgiram nas redes sociais, entre açorianos, que contestaram a participação de um socialista, republicano, laico e não católico na procissão.

"Para mim, não tem polémica nenhuma. É o que sinto ser o meu dever fazer. Respeito a crença dos outros - e esse respeito institucional deve ter uma expressão", respondeu o primeiro-ministro.

António Costa invocou depois a sua experiência enquanto presidente da Câmara de Lisboa, em que esteve presente nas procissões de Nossa Senhora da Saúde, do Santo António e (algumas vezes) no Corpo de Deus.

"Foi assim que fiz enquanto presidente da Câmara de Lisboa e é assim que farei enquanto primeiro-ministro, seja relativamente às atividades da Igreja Católica, seja relativamente às de outras confissões religiosas", acrescentou.

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