A criança vestida com um casaco de inverno pode até sentir-se confortável na cadeirinha do carro, nestes dias frios, mas testes realizados recentemente nos Estados Unidos da América mostram como uma colisão pode ser dramática e ter consequências mortais.
É um erro que qualquer pessoa pode cometer nesta altura do ano, especialmente com a chegada dos dias frios de inverno. Estes testes mostram como uma colisão pode ter consequências dramáticas, divulga neste vídeo o canal de notícias norte-americano NBC News.
Helena Sacadura Botte, secretária-geral da APSI - Associação para a Promoção da Segurança Infantil, disse ao site da RTP que “normalmente os pais não têm o cuidado de ajustar diariamente o arnês, o cinto interno da cadeira, ao corpo da criança, e no inverno, quando usam casacos grossos, têm tendência a deixá-los assim com aquela medida e depois quando a criança viaja sem casaco, o arnês fica muito largo e isso não protege a criança”.
Além disso esta responsável adianta que “basta usar um casaco grosso para que esse casaco interfira com a colocação do arnês, que não vai assentar bem em cima dos ombros e muitas vezes tem tendência a ficar descaído sobre os braços, o que pode causar lesões”.
Para evitar este problema, Helena Sacadura Botte aconselha os pais a tirarem o casaco às crianças, utilizando antes “um casaco macio, quentinho e leve e depois, quando sai do carro, então veste o casaco. Os pais devem ter este cuidado diário, de ajustar o arnês, tirar as folgas ao arnês, de acordo com a roupa que a criança tem vestida”.
Alerta também para adultos
Especialistas alertam ainda para que as crianças sejam colocadas nas cadeirinhas do carro sem casaco, um conselho que se aplica também aos adultos.
“Quando viajamos com um casaco e o cinto de segurança do automóvel está posto por cima do casaco, pode haver alguns problemas, não só nas folgas que são criadas pelo próprio casaco, mas também chaves, telemóveis, que nós temos no bolso e que vão ficar por baixo do cinto, podendo ser um fator de agravamento de lesões quando há um acidente”, disse Helena Sacadura Botte.
Além disso, “sobretudo no ovo, nas cadeiras mais apertadas, mais pequenas, as crianças têm tendência a aquecer demasiado dentro do carro, e no inverno os pais, muitas vezes, esquecem-se deste pormenor. Usar casacos muito grossos dentro do carro nem pensar”.
A responsável da APSI lembrou ainda que as cadeiras das crianças são muito mal utilizadas, para acrescentar que “nós mudámos de menos de 20 por cento de utilização de cadeirinhas, em 1996, para mais de 80 por cento de utilização de cadeiras em 2013. Mas infelizmente o que está a acontecer é que apenas metade das cadeiras utilizadas são bem utilizadas e este é um dos erros que nós vimos muito frequentemente: o arnês largo, despido, por baixo dos braços da criança em vez de estar a prendê-la no ombro”.
Avaliação de risco de acidente
Há muito que esta associação desenvolve diversas ações no terreno, que incluem também verificação de cadeirinhas e visitas domiciliárias para avaliação de risco de acidente.
A responsável da APSI lembrou ainda um grave acidente nos EUA, há alguns anos, entre um carro e um camião, em que um bebé de seis meses foi projetado para fora do veículo, quando o “ovo” em que viajava foi ejetado dos destroços. Além disso a própria criança foi ejetada da cadeira e foi encontrada a mais de sete metros do local do acidente.
“Sabe-se que após o impacto, a cadeira ainda tinha o arnês apertado. A criança vestia um fato de neve (anoraque espesso, mas leve) o que indica que a sua ejeção para fora da cadeirinha ficou a dever-se à espessura do casaco que vestia. Casacos de inverno espessos ou pesados e cadeirinhas para o automóvel não ligam e comprometem a segurança das crianças”, diz a APSI na sua página na Internet.
Também para Carlos Barbosa, do ACP - Automóvel Clube de Portugal, “é fundamental que as pessoas quando entram nos automóveis tirem os casacos, porque dificultam as movimentações dentro de um carro”.
No entanto, este responsável disse ao site da RTP que não tem conhecimento de ter acontecido nenhuma situação deste género e salienta que, “se os cintos estiverem bem apertados e a criança estiver completamente presa à cadeira e a cadeira bem presa ao carro, é quase impossível isso acontecer, mas não quer dizer que não aconteça”.