Lisboa, 14 Mar (Lusa) - Alcântara é a zona onde o Plano de Drenagem de Lisboa prevê gastar mais dinheiro: quase 60 milhões de euros para recuperar as infra-estruturas de drenagem de água mais envelhecidas da cidade e com menos capacidade de escoamento.
No plano elaborado pela equipa do consórcio Chiron/Engidro/Hidra, a que a Agência Lusa teve acesso, as soluções propostas para Alcântara totalizam um investimento de 59,6 milhões de euros, equivalente a 64 por cento do investimento total, superior a 93 milhões de euros.
Do valor total do plano, as maiores fatias vão para estruturas de armazenamento de água (22,5 milhões de euros) e reforço da rede (21 milhões). 19,3 milhões destinam-se a separação de redes, 13 milhões vão para desvio de caudal entre bacias e 2,1 milhões de euros servirão para beneficiação das descargas no rio Tejo.
O plano prevê ainda gastar 7,9 milhões de euros em medidas de controlo na origem, destinadas a atrasar a entrada das águas no sistema de drenagem, promovendo a sua infiltração no solo, e 7,2 milhões na desconexão de zonas baixas, separando as redes que vêm da zona alta das que drenam a água que cai na zona baixa.
Nas conclusões da equipa responsável pelo plano, são apontadas "lacunas e incorrecções" nos dados sobre a rede existente, o que tornou "difícil perceber, de forma clara, a real dimensão dos problemas detectados".
Por isso, o plano defende que "tão rápido quanto possível" sejam feitos mais estudos que permitam conhecer as infra-estruturas existentes e a sua capacidade de escoamento.
O plano desenha-se em três sistemas: Alcântara, Chelas e Beirolas, redes "conceptuais" baseadas nos colectores de águas pluviais e domésticas existentes.
O sistema de drenagem de Alcântara corresponde a 55 por cento da área total abrangida pelo plano, que salienta ser aí que "se localizam as redes de drenagem mais envelhecidas" com os maiores problemas estruturais e de falta de capacidade, como nos colectores da avenida 05 de Outubro e Avenida de Berna, "desgastados e assoreados".
O plano prevê uma rede de 81,2 quilómetros de colectores neste sistema, onde se localizam algumas das estruturas mais sensíveis, como o Caneiro de Alcântara, localizado por baixo da Avenida de Ceuta.
O plano propõe ali os maiores investimentos, sugerindo a construção de reservatórios em Benfica/Campolide e Avenidas Novas, integrados na intervenção na bacia de Alcântara, a maior da cidade.
Dependendo da solução que seja escolhida, a intervenção na bacia de Alcântara poderá custar entre 28 milhões e mais de 63 milhões de euros. Além dos dois reservatórios, a solução mais cara aponta para a construção de emissores que encaminhem as águas domésticas directamente para a Estação de Tratamento de Águas Residuais de Alcântara.
No sistema de Alcântara, o plano propõe ainda a construção de um túnel na avenida Almirante Reis para desvio de caudal, a segunda intervenção mais cara do plano para o sistema de Alcântara, orçada em 13 milhões de euros. Em alternativa, o plano sugere a construção de um reservatório no Intendente, que custa menos quatro milhões.
Quanto ao sistema de Chelas, o plano prevê um investimento total de 18,9 milhões de euros, grande parte destinada à construção de um reservatório nas Olaias na bacia Campo Grande/Chelas, a segunda maior da cidade, onde as soluções propostas vão dos 11 aos 20 milhões de euros.
O plano destaca esta bacia como a mais sensível do sistema Chelas, apontando "troços muito degradados" nos colectores de águas domésticas, como no que vai da Avenida do Brasil à Avenida da Igreja.
Para o sistema de Beirolas, a leste do de Chelas, o plano prevê investimentos no valor de 10,6 milhões de euros. A intervenção mais cara proposta é a construção de um reservatório em Vale Fundão, no valor de 6,2 milhões de euros.
Segundo o plano, cerca de 2,4 milhões de euros destinam-se a ser investidos em duas bacias adjacentes no topo Norte do concelho de Lisboa, de Telheiras até Odivelas e do Lumiar até Loures.
Neste caso, a intervenção visará o prolongamento de redes domésticas, câmaras de controlo de caudal e substituição de rede.
O plano de drenagem reserva cerca de 1,6 milhões de euros para a zona ribeirinha, para câmaras de controlo de caudal, estações elevatórias e beneficiação de descargas no Tejo.
Na próxima fase do plano entrarão os encargos previstos para manutenção das infra-estruturas, compra de terrenos e indemnizações, monitorização de estruturas ou outros projectos posteriores.
APN.