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A realidade e o mundo paralelo

A eleição de Donald Trump provou de novo o distanciamento entre a opinião publicada e a realidade do pensamento das pessoas.

A realidade construída levava Hillary, sem sobra de dúvida, à Casa Branca. É ela também quem o admite ao não conseguir fazer um discurso de derrota e dias depois ao afirmar que lhe apetece ficar fechada em casa a ler um bom livro.

Os eleitores optam pelos extremos encontrando pontos fortes de rutura com o estado letárgico das coisas, embalado pelo discurso dos que não conseguem efetivamente fazer, mas nunca abrem espaço aos mais criativos e competentes para liderarem essas mudanças. Será o fim dos clãs que dominaram a política americana? Será o começo de uma outra elite que movimenta milhões e se eleva com base num discurso populista, mas mobilizador? O efeito contágio pode ser perigoso na Europa, nomeadamente em França e na Holanda. Há uma outra pergunta fundamental por responder;

Serão estes populismos suficientemente fortes para conseguirem fazer o que prometem e arrastar multidões consigo? A história tem demasiados alertas para o que acontece quando os homens se guiam num espirito de matilha acéfala e liderada pela fúria sem princípios de quem se afirma como o mais astuto.

A chave para travar esta vaga será o compromisso de verdade e de eficácia de quem lidera. As promessas de campanha têm que ser realidades de governação, respondendo aos sonhos de quem vai fazendo tudo para ter uma vida digna e melhor.

A desilusão dá sempre lugar a opções menos pensadas e as lideranças de hoje têm que ser ainda mais próximas de quem as escolheu, numa abertura que trave um regresso aos dias negros de muitas histórias que ainda estão demasiado próximas para as querermos esquecer.

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