O japonês de 71 anos foi o escolhido da Academia Sueca, que decidiu premiar as investigações sobre autofagia, uma ação da célula que provoca a sua autodestruição. Em causa descobertas cruciais para entender a renovação das células e a resposta do corpo à fome e infeções.
“As descobertas de Ohsumi levaram a um novo paradigma no entendimento sobre como as células reciclam o seu conteúdo”, refere ainda a Academia sueca, que atribui os prémios, sublinhando que o cientista abriu caminho para perceber processos fisiológicos como a adaptação à fome ou a resposta a infeções.
A palavra autofagia vem das palavras gregas auto, que significa "o próprio", e phagein, que significa comer, pelo que significa comer-se a si próprio. Pode parecer algo que não é bom, mas a autofagia é uma defesa natural que o nosso corpo usa para sobreviver.
Este conceito surgiu nos anos 1960, quando os investigadores observaram pela primeira vez que a célula conseguia destruir os seus próprios conteúdos ao encerrá-los em membranas, formando vesículas em forma de sacos que são transportadas para um compartimento de reciclagem, chamado lisossoma, onde são degradados. Este compartimento deixou de ser visto como uma lixeira, para ser visto como um centro de reciclagem.
O trabalho do especialista em biologia celular pode levar a um melhor conhecimento de doenças como o cancro, Parkinson e diabetes tipo II.
Autophagy ”self eating” is a process for degrading and recycling cellular components #NobelPrize #Medicine pic.twitter.com/glNWLPjxHe
— The Nobel Prize (@NobelPrize) 3 de outubro de 2016
Ohsumi nasceu em 1945 em Fukuoka, no Japão, e é professor do Instituto de Tecnologia de Tóquio desde 2009, depois de ter estado na Universidade Rockefeller de Nova Iorque e de ter criado o seu próprio laboratório. As investigações na área da autofagia têm ocupado o cientista desde os anos 90, usando nos seus estudos o fermento de padeiro para ajudar a explicar o processo. O trabalho deste cientista japonês foi o salto qualitativo para a compreensão deste processo.
“Sinto-me extremamente honrado”, disse o centista à Kyodo News Agency. Numa entrevista exclusiva para o próprio Comité Nobel, confessa ter agora ainda mais perguntas do que tinha quando começou as investigações.
A conta official de Twitter dos Prémio Nobel apresenta um vídeo com a bióloga Juleen Zierath, em que esta cientista explica a importância das descobertas de Ohsumi. Relembra que, sem a autofagia, “as nossas células não sobrevivem”, realçando que é um processo essencial para fazer a renovação das células e expulsar, por exemplo, moléculas invasoras.
"Se a função de autofagia estiver defeituosa, as células nervosas não podem funcionar corretamente", realça Rune Toftgard, presidente da assembleia Nobel de Medicina, na televisão SVT.Juleen Zierath explains the importance of the #NobelPrize awarded discoveries https://t.co/12rRnYh9Fe
— The Nobel Prize (@NobelPrize) 3 October 2016
A temporada de 2016 dos prémios Nobel começou esta segunda-feira com o anúncio do Nobel da Medicina e prossegue com o da Física (terça-feira), da Química (quarta-feira), da Paz (sexta-feira) e da Economia (dia 10).
O Nobel da Literatura será atribuído a 13 de outubro.
Os prémios Nobel, criados em 1895 pelo químico, engenheiro e industrial sueco Alfred Nobel (inventor da dinamite), foram atribuídos pela primeira vez em 1901.
c/ agências