Reino Unido em rota de colisão com a Rússia na Síria e no Iraque

por Graça Andrade Ramos - RTP
Mmebros da RAF alinhados no pátio do Palácio de Buckingham antes da passagem de aviões da força aérea real britânica, nas comemorações dos 75 anos da Batalha da Grã-Bretanha na Segunda Guerra Mundial Stefan Rousseau - Reuters

O Governo britânico estará a considerar unir-se aos esforços da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos contra o grupo Estado Islâmico na Síria, à semelhança do que já faz no Iraque. Uma estratégia que poderá vir a colocar frente a frente, em batalha nos céus sírios, caças britânicos e russos.

David Cameron quer uma plataforma alargada de consenso político com os trabalhistas para a estratégia britânica na região.

Estes pretendem a criação de zonas de exclusão aérea na Síria, designadas para proteger os civis entalados entre as várias fações que dilaceram o país. Cameron tem rejeitado a ideia, tal como a Administração Obama, mas poderá ter de ceder.

Para os trabalhistas, a hipótese das zonas de exclusão só se irá colocar se for aprovada pela ONU, conforme ficou acordado na recente conferência do partido, em finais de setembro. Admitem ainda o veto da Rússia à proposta.

Nesse caso, poderá vir a ser tarefa dos aviões da RAF a imposição do respeito pelas zonas de exclusão aérea entretanto criadas. Um cenário colocado esta segunda-feira por Jo Cox, a líder trabalhista da comissão parlamentar britânica para a Síria.
Caças Tornado preparados para combate aéreo
De acordo com o jornal britânico The Guardian, Cox tem trabalhado, na criação destas zonas de proteção de civis, com o ex-ministro conservador para o Desenvolvimento Internacional, Andrew Mitchell, um antigo capacete azul com extensa experiência no Médio Oriente.

A ideia tem ainda a aprovação da ministra-sombra trabalhista para os Negócios Estrangeiros, Hilary Benn, desde que se inclua numa discussão alargada sobre a estratégia para a Síria.

A hipótese poderá cair mal em Moscovo, sobretudo depois de, neste domingo,  The Sunday Times ter revelado que os caças britânicos Tornado, que bombardeiam alvos do Estado Islâmico no Iraque, estarão a ser equipados com armas próprias para combate aéreo, mísseis Asraam ar-ar guiados por calor.

O tablóide Daily Star citou por seu lado fontes anónimas altamente colocadas do Ministério da Defesa britânico para quem "é apenas uma questão de tempo" até que caças britânicos se envolvam num confronto com caças russos sobre o Iraque.
Esclarecimentos urgentes
O Kremlin chamou o adido britânico da Defesa em Moscovo, pedindo "explicações urgentes" para os relatórios avançados pela imprensa.

Londres respondeu dizendo que as notícias não estão corretas. O adido britânico repetiu por seu lado a preocupação britânica com os bombardeamentos russos na Síria, que poderá provocar uma escalada no conflito e extremar posições.

Moscovo começou na quarta-feira dia 31 de setembro, a bombardear alvos hostis ao Presidente Bashar al-Assad na Síria - incluindo forças do Estado Islâmico.

A hipótese de Bagdade pedir por sua vez auxilio russo contra o EI não só já foi levantada por deputados iraquianos ao mais alto nível como Moscovo já se mostrou disponível para a tarefa.
PUB