Pink Floyd juntos cinco anos depois em nome da Palestina

por RTP
Edgard Garrido, Reuters

Não é segredo que o mentor e líder daquela que é uma das mais importantes bandas dos últimos 50 anos sempre foi um apoiante dos palestinianos, acusando em inúmeras ocasiões o Estado israelita de cometer atrocidades num território ocupado que não é o seu. Depois de sinalizar no Twitter um novo ataque das Forças Armadas de Israel contra um grupo que apoia os palestinianos, Roger Waters anunciou uma reunião com David Gilmour e Nick Mason, cinco anos depois do último concerto dos Pink Floyd. Poderá tratar-se de um concerto?

Roger Waters, David Gilmour e Nick Mason são os membros ainda vivos e em relativa actividade dos Pink Floyd. A última vez que tocaram juntos foi em 2011, na O2 Arena de Londres. Cinco anos depois, poderemos estar prestes a vê-los de novo. E porquê? Pela causa palestiniana.

A história começou há pouco menos de um mês, a 14 de setembro, quando uma flotilha composta por mulheres zarpou de Barcelona, em Espanha, rumo à Faixa de Gaza, em mais uma iniciativa da Coligação Internacional da Flotilha da Liberdade.

A campanha “Mulheres Rumo a Gaza” procurava – como outras já o tentarem com resultados trágicos – levar ajuda humanitária aos palestinianos e romper o bloqueio israelita à Faixa de Gaza de há mais de uma década. A bordo estavam 13 mulheres, incluindo a Nobel da Paz Mairead Maguire, quando esta quarta-feira foram interceptadas pela Marinha de Israel. Há um ano, Roger Waters acusou Gilberto Gil e Caetano Veloso de estarem mais preocupados com a conta bancária do que com as condições de vida dos palestinianos.


O assunto não passou despercebido a Roger Waters. É que esta não é a primeira vez que o nome do baixista dos Pink Floyd é envolvido nas campanhas contra o Estado israelita. Juntamente com Elvis Costello, Gil Scott-Heron, Talib Kweli, Sinead O’Connor ou Lauryn Hill, Waters é uma das muitas lendas da música que se recusam a dar concertos em Israel, assumindo que é uma posição política esta que sustentam.

Ainda no ano passado, quando os cantores brasileiros Gilberto Gil e Caetano Veloso recusaram os pedidos de várias organizações internacionais e levaram por diante o concerto em Telavive, Roger Waters, que lhes havia pedido para aderirem à campanha BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), acusou-os de estarem mais preocupados com a conta bancária do que com as condições de vida dos palestinianos.

Na altura passava um ano desde a operação de 2014 – Escudo Protector – levada a cabo pelas forças israelitas e que fez mais de um milhar de vítimas, a quase totalidade civis, mulheres e crianças. Roger Waters, que mantém essa ligação aos grupos de boicote a Israel, foi um dos subscritores do pedido a Caetano Veloso e Gilberto Gil. Ao músico britânico juntar-se-ia um outro nome de peso: o cardeal sul-africano Desmond Tutu, Prémio Nobel da Paz. Sem resultados.

A situação parece prestes a inverter-se agora. Os Pink Floyd terão encontrado razão suficientemente forte para voltarem a reunir-se em concerto. A novidade estará na escolha do local: não Nova Iorque, Londres ou Paris, mas a Palestina, avança o site de notícias IBTimes.

É a forma encontrada por Roger Waters, o activista, de pôr Roger Waters, a lenda da música, ao serviço da causa palestiniana. Já esta tarde, deixou uma mensagem através da conta de Twitter.




O baixista usou também a conta do Facebook para publicar uma nota de solidariedade para com as mulheres a bordo da flotilha do Movimento Libertem Gaza (Free Gaza Movement), depois de terem sido “detidas ilegalmente em águas internacionais” pelas forças israelitas.



E é nesta nota que anuncia um possivel regresso. Um momento que atrairá todas as atenções dos media internacionais e que pretende usar para denunciar a política de ocupação de Israel nos territórios palestinianos.
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