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Paleontólogo português descobre fósseis de plesiossauro na Gronelândia

por Antena 1

Foto: Lusa

O réptil marinho representa a primeira incursão no mar durante a abertura do Atlântico, há 200 milhões de anos.

O paleontólogo Octávio Mateus anunciou que foram encontrados fósseis de um dos primeiros animais do Atlântico primitivo.
Octávio Mateus é o único português que participa em expedições paleontológicas à Gronelândia.

O professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e investigador do Museu da Lourinhã já esteve na Gronelândia em 2012 e voltou este ano para expedições internacionais, que permitiram esta descoberta.

O anúncio este mês num congresso científico pelos investigadores Jesper Milan, Octávio Mateus, Lars Clemmensen e Marco Marzola, validou a descoberta "plesiossauro mais antigo da Gronelândia, com cerca de 200 milhões de anos, e dos primeiros animais marinhos a explorar aquela zona" no início da separação dos continentes europeu e norte-americano, que resultou na abertura do Oceano Atlântico, afirmou à agência Lusa o português.

O Professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa explicou que os cientistas tinham escavado apenas animais de "ambientes terrestres" do Triásico, com 220 milhões de anos, como anfíbios, dinossauros e fitossauros, répteis semelhantes a crocodilos.

"Em camadas um pouco mais acima, portanto mais recentes, do Jurássico Inferior, encontrámos três ossinhos [vértebras e costelas] que são de um plesiossauro, que é um animal marinho, logo é um dos primeiros vertebrados marinhos ligados à abertura do Atlântico e testemunha uma mudança ligada à abertura do Atlântico", descreveu.

Pela escassez do material fóssil, os cientistas não conseguem identificar o género e a espécie de plesiossauro.

No último verão, os quatro investigadores escavaram vestígios de fitossauros na Gronelândia de uma espécie ainda por determinar.

Além disso, poderá trazer novas explicações para a paleogeografia. "Se for mais aparentado a uma espécie europeia, quer dizer que do ponto de vista paleogeográfico aquela zona da Gronelândia tinha conexões terrestres com a Europa. Se for mais aparentado a espécies norte-americanas, mostra o contrário" apontou o especialista, esclarecendo que "a maioria da fauna daquela região tem uma afinidade europeia maior, o que é estranho, porque do ponto de vista geológico a Gronelândia pertence ao continente americano".

"Todo aquele território está por explorar. É uma oportunidade para os paleontólogos descobrirem material novo", disse Octávio Mateus.

Sendo um local inóspito e polar, os paleontólogos são transportados de helicóptero para as expedições e têm de levar tendas para pernoitar, mantimentos alimentares e foram ensinados a manusear armas para lidar com possíveis encontros com ursos polares.

Os achados escavados na última expedição científica acabam de chegar ao laboratório do Museu da Lourinhã para serem preparados e estudados e seguirem depois para exposição num museu dinamarquês, o Geocenter Moensklint.

"É uma forma de dar continuidade a um trabalho de relacionamento com instituições de vários países com projetos e materiais que vieram de outras parte do globo, desde Moçambique, Angola e Estados Unidos da América", afirmou Lubélia Gonçalves, presidente da direção do Grupo de Etnografia e Arqueologia da Lourinhã, associação que gere o museu.

Trata-se da maior coleção estrangeira recebida pelo Museu da Lourinhã.

c/ Lusa
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