A medida de emergência foi anunciada pelo Governo venezuelano. Os funcionários públicos passam a trabalhar apenas dois dias na semana para tentar contornar a grave crise energética no país provocada pela seca extrema.
Trata-se do alargamento de uma medida já aplicada. Os quase três milhões de funcionários públicos venezuelanos já estavam sem trabalhar às sextas-feiras. Os salários continuarão a ser pagos na íntegra.
Esta é uma das medidas de uma já longa lista implementada para fazer face ao que as autoridades chamam “verdadeira emergência ambiental”. O Governo já criou inclusivamente uma comissão presidencial especial para fazer face à crise elétrica.
A oposição critica a medida. Considera que serve de pouco, já que os funcionários públicos irão gastar energia nas suas casas.
O problema? Dois anos de seca extrema, em resultado do fenómeno El Niño, levaram a que baixassem dramaticamente os caudais dos rios de um país que depende em 70 por cento da produção das centrais hidroelétricas. Esta será a mais grave seca no país dos últimos 40 anos. Só esta central fornece energia para dois terços das necessidades da Venezuela.
O principal reservatório de água na Venezuela é El Guri, onde se encontra a principal central hidroelétrica do país. O nível de água está muito perto da área de colapso, revelou o ministro da Energia Elétrica, Luis Motta Domínguez.
As medidas de poupança de energia servem para preservar ao máximo o nível de água nesta bacia.
“O Guri transformou-se virtualmente num deserto. Com todas as medidas, vamos salvá-lo”, garantiu o Presidente. As autoridades dizem que, com as medidas já implementadas, foi possível diminuir a baixa diária do nível de águas no El Guri de 22 para dez centímetros.
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— teleSUR TV (@teleSURtv) 27 April 2016
Entre as medidas anteriores estão, por exemplo, a diminuição do horário de funcionamento dos centros comerciais ou a mudança de meia hora nos relógios para reduzir o uso de energia ao início da noite. Na semana passada, o Governo anunciou a introdução de cortes de energia de quatro horas por dia que vão vigorar pelo menos 40 dias.
Sinal de "proibido nadar e pescar" numa zona antes submersa do Guri (Reuters)
Os problemas energéticos juntam-se a um rol de dificuldades na Venezuela: uma brutal recessão, falta de produtos básicos, desde leite a medicamentos, ou aumento de preços.
As autoridades apontam o fenómeno meteorológico El Niño como o responsável pela crise energética. No entanto, os críticos acusam o Governo de investimento inadequado, corrupção, ineficácia e falhanço na diversificação de fontes de energia no país.
Vários países têm sido afetados por El Niño. No entanto, a Venezuela é o país que regista o mais elevado nível de consumo doméstico de energia.
“Pedimos ajuda internacional, apoio técnico e financeiro para reverter a situação”, disse Nicolás Maduro. “Estamos a gerir a situação da melhor maneira que podemos, enquanto esperamos que a chuva regresse”, enfatizou o Presidente.
Maduro: "Nosotros en el gobierno no dejamos de trabajar ni un segundo". Claro, menos miércoles, jueves, viernes, sábado y domingo.
— Leonardo Padrón (@Leonardo_Padron) 26 April 2016
“Maduro diz que o Governo não vai parar de trabalhar um segundo. Claro, exceto nas quartas, quintas, sextas, sábado e domingo”, satirizou Leonardo Padron, um colunista do jornal pró-oposição El Nacional, em referência à medida agora anunciada de redução da semana de trabalho dos funcionários públicos.
c/ agências