Elementos da força de interposição da ONU no Líbano telefonaram aos militares israelitas 10 vezes em seis horas para que parassem os bombardeamentos nas redondezas antes de o seu posto de observação ter sido atingido, matando quatro soldados.
Estas informações constam de um relatório preliminar da ONU sobre o incidente de terça-feira a que a Agência Associated Press teve acesso.
Em todos os telefonemas, do outro lado, oficiais israelitas prometeram parar os bombardeamentos, de acordo com uma fonte das Nações Unidas que viu o relatório preliminar.
Os observadores no posto disseram que a área num raio de um quilómetro junto à casa foi atingida com munições de precisão, incluindo 17 bombas e projécteis de artilharia, quatro das quais atingiram directamente o posto terça-feira, diz o relatório.
Antes e também em Jerusalém, o subsecretário-geral da ONU para as Questões Humanitárias, o norueguês Jan Egeland, qualificara de "inexplicáveis" as circunstâncias em que morreram no sul do Líbano quatro observadores da UNIFUL, cujo posto foi bombardeado pela aviação israelita.
Numa conferência de imprensa em Jerusalém, Egeland disse que "nos últimos dois dias se estabeleceu um sistema de notificação de posições, e, concretamente, ontem, (terça-feira) os observadores notificaram várias vezes onde se encontravam.
Egeland insistiu que os observadores da Força interina da ONU para o Líbano (UNIFIL) "estavam a 500 metros das posições" da milícia xiita libanesa Hezbollah que era o objectivo da aviação israelita, pelo que "é inexplicável que se tenha passado o que se passou".
O jornal israelita Maariv, na sua edição on-line do fim da tarde, lembra que não é a primeira vez que ocorrem incidentes desta natureza com soldados da ONU no sul do Líbano.
A 18 de Abril de 1996, durante a operação "Vinhas da Ira", o Hezbollah disparou rajadas de katiushas sobre o norte de Israel, de uma posição muito próxima a uma base da ONU, em Kafr Kana.
A artilharia israelita ripostou contra o ponto de origem dos katiushas, mas, alegadamente por engano, atingiu um abrigo de refugiados, causando 102 mortos e 100 feridos.
Na altura, Israel confessou o erro e manifestou pesar pela morte de inocentes, mas o incidente teve repercussões negativas em todo o mundo.