No discurso que fez esta sexta-feira, no momento em que aceitou o Prémio Carlos Magno, o Papa Francisco lançou no Vaticano, e em forma de pergunta, algumas críticas à Europa.
Franscisco aproveitou a oportunidade para deixar recados a alguns dos mais influentes políticos europeus, numa altuira em que a Europa procura soluções para a onda de migrantes vindos de cenários de guerra e de outros países onde a instabilidade política e económica se faz sentir.
As perguntas que obrigam a uma reflexão conjunta
As palavras do Papa são bem claras e quase que obrigam a uma reflexão dos decisores políticos.
O que te aconteceu Europa do humanismo, paladina dos direitos humanos, da democracia e da liberdade?
O que aconteceu à Europa, terra dos poetas, filósofos, artistas, músicos, homens e mulheres de letras?
O que te aconteceu Europa, mãe dos povos e das nações, mãe de grandes homens e mulheres que chegaram a dar a vida pela dignidade dos seus irmãos e irmãs?
O Pontífice é visto por muitos como uma espécie de "voz da consciência" e esta sexta-feira, em plena sala Regia, o Papa soltou de nova palavras que pensam a Europa, um facto que justifica a atribuição do Prémio a Francisco, tal como é justificado por quem decidiu a condecoração de 2016: Franscisco é um homem que "inspira esperança, um embaixador da paz e da proximidade em uma Europa forte, um homem cujas palavras têm peso e são ouvidas com atenção pelo mundo inteiro".
O sonho europeu de Francisco
A atual política europeia passa por limitar a entrada de migrantes no espaço europeu depois do acordo celebrado entre a União Europeia e a Turquia - acordo sob intensas críticas - e que prevê a devolução de pessoas indevidamente documentadas.
Na hora de receber o Prémio Carlos Magno, criado em 1950 na cidade alemã de Aachen, o Papa não escondeu o seu sonho de uma Europa que respeite "a dignidade de todos os seres humanos", ou seja, uma alusão ao que se tem vivido nas fronteiras europeias onde ser imigrante - tal como refere o Papa - não seja "delito".
Numa Europa em convulsão, seja pela onda migratória, seja pela ameaça constante do terrorismo, as palavras do Papa estão em sintonia com a ideia originária deste Prêmio Carlos Magno: trata-se de uma condecoração que reconhece o trabalho excecional de figuras públicas ou instituições em defesa de uma unidade na Europa.
A condecoração tem o nome de Carlos Magno, aquele que foi o primeiro imperador do Sacro Império Romano, coroado por Papa Leão III. Carlos Magno destacou-se ao estabeler a Europa Ocidental e a posição do continente na Idade Média.