O presidente filipino, Rodrigo Duterte, afirmou que tenciona equipar as suas Forças Armadas com armamento comprado a Israel. O Ministério da Defesa israelita não comenta.
A autocrítica e a reafirmação diziam, ambas, respeito a um discurso de 30 de setembro em Davao, em que manifestara a intenção de seguir o exemplo de Hitler, e exterminar os toxicodependentes como o ditador nazi exterminara os judeus.
Duterte ipsis verbis
"Htiler massacrou três [sic] milhões de judeus. Agora há três milhões de toxicodependentes nas Filipinas. Eu gostava de massacrá-los".
Duterte reafirmou em Makati que gostaria de exterminar os três milhões de toxicodependentes que calcula existirem nas Filipinas. Mas autocriticou-se por ter dito que o extermínio dos judeus era o exemplo a seguir, por se tratar de um exemplo mal escolhido, ofensivo e chocante para os judeus.
O jornal Times of Israel debruçou-se agora sob um aspecto menos comentado do segundo discurso de Duterte, no momento em que este deixou o guião escrito conhecido da imprensa e começou a falar da sua política de reequipamento das Forças Armadas. Aí afirmou, nomeadamente, que tinha dado instruções claras ao conselheiro de Segurança Nacional, general Hermogenes Esperson: "No que diz respeito a armas, disse-lhe: 'Não compre a ninguém a não ser Israel".
Israel tem antecedentes de fornecer material bélico às Filipinas, que vêm de trás e são anteriores à eleição de Duterte. Em 2014 fornceu-lhe 28 carros blindados. Em Fevereiro de 2016, o Departamento de Defesa Nacional das Filipinas anunciou que iria comprar equipamento de radar de uma filial da empresa estatal israrelita Israel Aerospace Industries.
Agora, a imprensa filipina tem referido o interesse de Duterte em comprar armas e equipamento de vigilância israelitas. O presidente manifestou que tem confiança nos fornecedores israelitas, em contraste com os norte-americanos que, segundo diz, iriam armadilhar os equipamentos de vigilância que lhe vendessem: "Se comprarmos à América, falávamos aqui em coisas secretas - blá, blá, blá - e eles estariam a escutar".
Os fornecedores israelitas, pelo contrário, disse ainda Duterte "não meterão lá um bug deles para escutar também o que nos tivessem vendido".
Mas, para Duterte comprar, será preciso que os israelitas queiram continuar a vender. Tudo indica que sim, segundo o princípio de separação entre a política e os negócios, mas a impopularidade de anunciar vendas ao admirador filipino de Hitler levou o Ministério da Defesa israelita, supervisor de quem dependem todas as exportações de armamento, a responder ao Times of Israel com o sacramental "No comments".
A mesma regra de silêncio é mantida pelas produtoras de equipamento contactadas por aquele diário, escaldadas com o escândalo recente sobre as suas vendas de armas utilizadas no conflito no Sul do Sudão.