As chamas continuam a trajetória de destruição no Canadá mas já com a cidade de Fort McMurray a salvo. A ação dos bombeiros permitiu que 90 por cento da cidade ficasse a salvo. Não há vítimas mortais, mas o cenário é particularmente trágico nos subúrbios da cidade: são ruínas, casas e veículos queimados e peças de metal deformadas pelas altas temperaturas.
“A cidade foi cercada por um oceano de fogo há poucos dias mas Fort McMurray e arredores foram salvos e serão reconstruídos”, garante a primeira-ministra de Alberta.
Para uma cidade que temeu o pior, cercada pelas chamas, o balanço até é positivo: 90 por cento da cidade ficou a salvo, não houve vítimas mortais. Mesmo assim, as autoridades de Alberta contabilizam 2.400 habitações ou estabelecimentos comerciais destruídos.
Reportagem de Pedro Oliveira Pinto - RTP
Uma grande parte da cidade permanece sem acesso a água canalizada, gás ou eletricidade. Os serviços públicos não estão a funcionar, é preciso repor em funcionamento escolas, hospitais e outras infraestruturas.
O cenário é especialmente desolador fora da cidade. A destruição paira sobretudo nos bairros ocidentais de Beacon Hill e de Waterways. São ruínas, casas e veículos queimados, peças de metal deformadas pela força das chamas e pelas altas temperaturas.
"Milagre"
Ao todo serão cerca de 100 mil as pessoas evacuadas da cidade de Fort McMurray e dos seus subúrbios. Um trabalho rápido e urgente perante o descontrolo das chamas que rodeavam a cidade petrolífera canadiana.
Perante o aproximar das chamas, a evacuação foi decretada em tempo recorde na terça-feira da semana passada. Eram 16h00 em Alberta (22h00 em Lisboa) quando, em Beacon Hill, os habitantes tiveram poucos minutos para sair.
Reportagem de Rita Soares - Antena 1
“Tiveram 20 a 45 minutos para sair de suas casas. Pegaram em roupas, no que podiam meter. Tiveram mesmo de sair”, explica o jornalista Rui Neto. A rápida evacuação evitou perdas maiores: não houve vítimas mortais, no que a primeira-ministra da província de Alberta classifica de “milagre”.
Para as dezenas de milhares de pessoas evacuadas, o regresso a casa não se fará para já. Os bombeiros calculam que só dentro de duas semanas haverá condições para avançar com uma data.
"Afortunados"
Entretanto, muitos continuam nos centros de abrigo que tomaram conta de residências universitárias e parques de campismo a centenas de quilómetros de Fort McMurray.
Nestes centros reina o cansaço, a fadiga e também o desespero. Começam-se a ouvir críticas à atuação das autoridades e os conflitos também acabam por surgir. Por outro lado, estes abrigos tornaram-se num símbolo maior da solidariedade.
“Continuo a pensar que, de certa forma, somos afortunados. Há muita gente que não irá ver este espírito de humanidade que aqui temos visto”
“Aqui estamos nós. Não conhecemos estas pessoas e elas estão prontas a abraçar-nos”, explica Barb Warners à televisão pública canadiana. Perdeu a casa e tudo o que tinha, mantém a fé na humanidade.
“Continuo a pensar que, de certa forma, somos afortunados. Há muita gente que não irá ver este espírito de humanidade que aqui temos visto”, explicita Barb à CBC.
O pior cenário foi impedido pela longa luta dos bombeiros que conseguiram evitar que as chamas chegassem ao coração da cidade. Fort McMurray está agora a salvo mas a luta contra as chamas continua na província canadiana de Alberta.
Os incêndios seguem a leste da vila, apesar de com menos força. As chamas são combatidas por 700 bombeiros, auxiliados por quase 50 meios aéreos. As autoridades calculam que sejam necessários meses para extinguir totalmente as chamas.
Os incêndios em Alberta já devastaram mais de 204 mil hectares de terreno. Ou seja, cerca de 24 vezes a área do concelho de Lisboa.