Human Rights Watch insta Coreia do Norte a cessar trabalho forçado "predatório"

por Lusa

Seul, 08 out (Lusa) - A Human Rights Watch instou hoje a Coreia do Norte a acabar com o trabalho forçado, acusando o país de "exploração predatória", quando Pyongyang está prestes a assinalar os 70 anos do Partido dos Trabalhadores, no poder desde 1945.

A organização de defesa dos direitos humanos acusou o regime de coagir os seus cidadãos a trabalharem de graça como uma forma de controlar o seu próprio povo, sustentar a economia e manter o poder.

"Não podia haver um contraste maior entre a ficção do paraíso proletário da Coreia do Norte e a realidade do sistema do Governo que força as pessoas a trabalharem de graça para construir a economia", disse o diretor da Human Rights Watch (HRW) para a Ásia, Phil Robertson.

"Se Pyongyang quer realmente celebrar o seu partido fundador, devia parar com esta exploração predatória do trabalho do seu povo", afirmou.

A Coreia do Norte celebra o aniversário do Partido dos Trabalhadores no sábado, com uma enorme parada militar, concertos, exposições e espetáculos. Novas estátuas dos antigos líderes do país foram já erguidas.

A HRW afirma que o trabalho forçado "domina" a vida dos norte-coreanos, revelando que estudantes confirmaram que tiveram de trabalhar dois meses por ano em campos agrícolas sem receber qualquer pagamento.

"O trabalho forçado na Coreia do Norte tornou-se tão comum que não é exagero dizer que domina as vidas dos cidadãos comuns, diariamente. Esta é uma crise de direitos humanos na Coreia do Norte que é desconsiderada há demasiado tempo", afirmou Robertson.

De acordo com a ONU, o trabalho forçado é usado como forma de coerção política desde o estabelecimento do partido no poder, em 1945.

A HRW afirma que, nos últimos anos, este sistema se tornou o pilar da economia, com o Governo a tentar compensar a falta de mão-de-obra resultante da grande fome dos anos 1990.

"O Conselho de Segurança da ONU deve agir agora e exigir que a Coreia do Norte ponha um fim a este sistema económico abusivo, alicerçado na exploração", disse Robertson.

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