O secretário-geral da ONU telefonou à antigo ministra israelita a comunicar-lhe que poderia ser proposta para um alto cargo na organização. Livni tem criticado o radicalismo colonizador de Netanyahu, mas é também arguida de crimes de guerra em vários países europeus.
Colaboradores próximos de Livni precisaram que não se tratava de um convite, e sim de uma "sondagem preliminar", para o caso, ainda hipotético, de se avançar com a proposta.
Segundo fontes diplomáticas, Livni sondara, ela própria, o secretário-geral da ONU nesse sentido, por ocasião de um encontro que ambos mantiveram há duas semanas em Nova Iorque, e mostrara interesse na nomeação. A própria deputada israelita desmentira, contudo, que ambos tenham nesse momento falado sobre o tema.
Numa coisa, tanto as fontes da ONU, próximas de Guterres, como aquelas afectas a Livni falam em uníssono: ambas desmentem que uma nomeação de Livni pudesse fazer parte de um acordo para desbloquear o veto de bolso norte-americano à escolha do ex-primeiro-ministro palestiniano Salam Fayyad para chefiar a delegação a enviar pela ONU à Líbia.
Comentando a eventualidade de uma nomeação de Fayyad para encabeçar aquela delegação, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu afirmara que "chegou o tempo de haver reciprocidade nas relações da ONU com Israel e não podem ser dadas constantemente prendas gratuitas ao lado palestiniano". E especificou: "Chegou o tempo de posições e nomeações serem dadas também ao lado israelita. Se houver uma nomeação apropriada, nós iremos ponderá-la".
Agora, parece estar na forja uma "nomeação apropriada", que liberte Netanyahu de uma figura activa na oposição interna e que ofereça ao Estado israelita um factor de prestígio na cena internacional. Os processos pendentes contra Tzipi Livni constituirão, neste contexto, um factor de perturbação da nova imagem que se pretende passar.