Rússia e Estados Unidos estão em rota de colisão militar e não é apenas na Síria.
Há movimentações de misseis balísticos nucleares em vários pontos da Europa e da região da ásia-pacifico.
Em São Petersburgo, por exemplo, raciona-se já o pão à espera do eclodir da terceira guerra mundial, enquanto em Moscovo se preparam os abrigos nucleares.
"Putin procura endurecer palavras e gestos simbólicos como forma de ganhar um lugar de destaque à mesa da diplomacia internacional", concluí o comentador do Jornal 2.
O presidente russo ordenou o regresso à pátria de todos os oficiais das forças armadas que estão no estrangeiro.
Fala em guerra iminente. Em Moscovo preparam-se abrigos antinucleares.
Imprensa próxima do Kremlin aponta para a Síria, olha os Estados Unidos e diz - "A terceira guerra mundial já começou".
No terreno é no entanto Putin quem intensifica os bombardeamentos sobre Aleppo. Os franceses cancelam a visita do presidente russo a Paris, falam em crimes de guerra e exigem responsabilização.
A Casa Branca diz nãoser possível negociar com quem não mantém os acordos, o Kremlin afirma que são os Estados Unidos e os seus aliados ocidentais quem está a provocar uma escalada da tensão na Síria.
Mas não é apenas a Síria a estar no centro da escalada das tensões entre Rússia e ocidente.
Na frente europeia há um aumento da repressão na Crimeia, com o FSB (serviços secretos russos) a liderar as rusgas e as detenções de ativistas locais.
Esta semana Putin ordenou a instalação de misseis balísticos nucleares no enclave de Kaliningrado, entre a Polónia e a Lituânia. Ambos países da OTAN.
De lembrar que este ano a Organização do Tratado do Atlântico Norte levou a cabo um dos maiores exercícios militares da sua história precisamente na Polónia, e que no Báltico, há a mobilização permanente de recursos para a defesa avançada do espaço aéreo ocidental. Portugal participa nessa missão na Lituânia com caças F-16.
Felipe Pathé Duarte lembra que há um claro sentimento na Rússia "de que o país está já sobre ataque por parte do Ocidente", pelo que as ações tomadas são justificadas pelos políticos, e militares, como sendo de defesa e inteiramente aceites pela generalidade dos russos.
Na oposição militar aos Estados Unidos da América Rússia e China dão mãos. Preparam-se gigantescos exercícios militares conjuntos.
Na mira de todos os discursos e ações a política dos Estados Unidos de instalar sistemas defensivos anti míssil em vastas zonas do mundo, da Europa a Israel, do Japão à Coreia do Sul.
Mas escalada global joga-se também num novo tabuleiro - o ciber espaço.
Os Estados Unidos acusam Moscovo de piratear informaticamente o partido democrata e a candidatura de Hilary Clinton, bem como de apadrinhar um plano para adulterar a votação eletrónica nas presidenciais de novembro.
Obama e Putin tiveram um encontro sobre o assunto. Moscovo nega. Washington garante não ter dúvidas do envolvimento russo.
As duas potências encontram-se este sábado para tentar o desanuviamento. De novo a questão Síria assume o centro da agenda.
Todos, no entanto, assumem que a Síria é apenas o ponto quente de uma nova guerra fria, mais vasta e global, que obriga a outro diálogo e diplomacia.