Os Guardas da Revolução do Irão avisaram esta quinta-feira que os exercícios militares da Arábia Saudita em curso no estreito de Ormuz colocam em causa a estabilidade da região.
Num comunicado enviado aos media iranianos, os Guardas da Revolução consideram que os recentes exercícios navais "criam tensões e prejudicam a estabilidade" na região e que "tal intrusão não será considerada inofensiva" pelo Irão.
A guarda iraniana promete ainda uma resposta "proporcional e imediata a qualquer movimento, esforço ou ação" que provoque "a perturbação da paz e da segurança no Golfo Pérsico, no estreito de Ormuz ou no mar de Oman".
Na quarta-feira a Arábia Saudita deu início ao Shield 1, um exercício que decorre no estreito arábico com unidades navais e da marinha, aviões e unidades especiais. O estreito de Ormuz é um dos mais importantes pontos de passagem de petróleo em todo o mundo.
O oficial saudita responsável pelo exercício, o general Majed Al-Qahtani, explicava à agência noticiosa saudita SPA que os exercícios incluem "o disparo de munições reais", um esforço para melhorar "a preparação para o combate, a proteção das águas do reino arábico e os interesses marítimos contra possíveis agressões".
Ainda no final de setembro o Irão realizou um exercício naval no estreio de Ormuz, com a participação de um navio de guerra italiano.
O crescendo das tensões militares entre os dois países inimigos, cujo território é precisamente separado pelo Mar de Ormuz, acontece num contexto de total ausência de relações diplomáticas, situação agravada pelas guerras "por procuração" na Síria e Iémen.
O recente acordo nuclear iraniano e consequente aproximação de Teerão ao ocidente, ou a polémica lei aprovada pelo Capitólio norte-americano que permite às famílias das vítimas do 11 de Setembro processar o Estado da Arábia Saudita, materializando o afastamento de Washington de um antigo aliado, vem agravar o foco de tensão entre sunitas e xiitas nesta região do globo.
c/ agências