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Eles atacaram, Paris resiste: o mundo une-se depois das horas que a França não vai esquecer

por Christopher Marques - RTP
Leonhard Foeger - Reuters

Depois de uma noite trágica, Paris tenta recuperar, ao mesmo tempo que se toma consciência da dimensão dos ataques perpetuados. O balanço oficial feito pelas autoridades francesas revela que morreram pelo menos 129 pessoas. Os ataques, produzidos por três equipas de terroristas, provocaram ainda 352 feridos, dos quais 99 se encontram em estado grave. Perante o cenário negro, o mundo vestiu-se de azul, branco e vermelho. Vivem as cores da bandeira francesa num período em que se toma consciência do perigo a que todos estão sujeitos.

Foram quarenta minutos que a França não esquecerá. Tudo começou na sexta-feira, no Stade de France, quando eram 20h20 em Lisboa. Durante o amigável entre as seleções francesa e alemã, três terroristas fizeram-se explodir em três momentos diferentes nos arredores do estádio.

Seguiram-se os tiroteios na Rua Alibert e na Rua Bichat, no coração da capital francesa. Terroristas assaltaram os restaurantes Le Petit Cambodge e Le Carillon. Morreram 14 pessoas.

Reportagem de Rita Marrafa de Carvalho e Pedro Pessoa

Noutro local, na Avenida de la République, cinco pessoas foram mortas enquanto jantavam no terraço de uma pizzaria. Poucos minutos depois, são ouvidos tiros na Rua de Charonne, no restaurante La Belle Equipe. Este novo ataque provoca 19 mortos.

O sexto ataque seria o mais mortífero. Quando eram 20h49 em Lisboa, vários terroristas com a cara descoberta abrem fogo na sala de espetáculos Bataclan e fazem mais de cem reféns. Os terroristas fizeram-se explodir quando a polícia tomou a sala de assalto. Só aí morreram pelo menos 82 pessoas.

O balanço oficial, realizado este sábado pela Procuradoria, aponta para que tenham morrido 129 pessoas. Permaneciam hospitalizadas 352 pessoas, 99 das quais em estado crítico. Entre os mortos estão já identificados dois cidadãos portugueses.

Um homem de 63 anos morreu junto ao Stade de France. Uma jovem lusodescendente de 35 anos faleceu este sábado, depois de ter estado no Bataclan na noite de sexta-feira."Estamos em guerra"
Nas ruas, a França reforça a segurança. As forças de segurança estão no terreno em todo lado: nos transportes, nos principais eixos viários e no centro de Paris. Para François Holande, a França está em guerra.

O primeiro-ministro repetiu-o este sábado em entrevista à televisão francesa TF1. Valls afirma que “estamos em guerra” e “atacaremos o inimigo jihadista”.

O ataque foi já reivindicado pelo autoproclamado Estado Islâmico. Um ataque que dizem ter sido “abençoado por Alá”, perpetuado por “oito irmãos com cintos de explosivos e armas de assalto”. Sete deles fizeram-se explodir, o outro foi abatido. Sabe-se também que pelo menos um deles é um cidadão francês.

Junto aos restos mortais de um dos bombistas, as autoridades encontraram um passaporte sírio e um passaporte egípcio. O primeiro deu entrada na ilha de Lesbos a 3 de outubro como refugiado, revelou um ministro helénico.

Reportagem de Sérgio Vicente e Luís Vilar

As buscas por respostas chegam já a território belga. A polícia lançou uma operação de larga escala em Bruxelas, cidade da qual terão partido três dos atacantes em direção a Paris.

As autoridades terão chegado a esta conclusão depois de terem sido localizadas duas viaturas com matrícula belga na capital francesa e com títulos de estacionamento de Molenbeek-Saint-Jean, nos arredores da capital belga.

Em causa, poderá estar uma segunda célula que se terá colocado em fuga, pouco depois dos atentados de sexta-feira. Várias pessoas foram já detidas.
Pray for Paris
As reações oficiais sucederam-se ao longo do dia. Uma condenação global ao massacre de Paris. O Papa sublinha que não há qualquer justificação religiosa ou humana para estes atos.

Obama, Cameron, Rajoy, Merkel e Passos demonstram o seu apoio ao povo francês. Bashar Al-Assad tenta retirar trunfos destes acontecimentos ao defender que os atentados aconteceram devido às “políticas falhadas” do ocidente em relação à Síria.

Reportagem de António Mateus e Cristina Gomes - RTP

O Presidente sírio sublinha esta ideia de que está errada a estratégia para a Síria.

Em Paris, vive-se ainda sob o choque. Um sentimento que obriga a reviver o cenário do passado mês de janeiro e o fatídico ataque à redacção do jornal satírico Charlie Hebdo. A população, incrédula, tenta explicar o inexplicável, num fenómeno com contornos de revolta e perplexidade.

Na capital francesa, para os muitos emigrantes portugueses, este foi um dia de luto. Mas também sobressai a história de uma cidadã portuguesa que socorreu 40 jovens que fugiam do Bataclan.

Perante o cenário, a mobilização atravessa fronteiras. Acumulam-se as homenagens pelos quatro cantos do globo e as cores da bandeira francesa espalham-se pelo mundo. Assim também é em Lisboa e no Porto, com a Torre de Belém e o Teatro Rivoli a vestirem-se de azul, branco e vermelho.

Um pouco por todo o mundo, pede-se por Paris. Homenageiam-se as vítimas, canta-se o hino gaulês, apela-se à paz e ao respeito entre os povos.

O mundo veste-se de bleu, blanc e rouge contra uma falta de humanidade que, a 13 de novembro de 2015, mostrou que pode não ter limites.
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