Última Hora
Venâncio Mondlane está em Moçambique. Opositor denuncia "genocídio silencioso"

Autora de guia para emigrar diz que crise em Angola aumentou interesse no Reino Unido

por Lusa

Londres, 22 nov (Lusa) - A autora de um guia prático sobre como emigrar para o Reino Unido afirmou estar a receber de portugueses e angolanos que residem em Angola um crescente interesse nos seus conselhos.

"Não só angolanos, mas pessoas que estão em Angola e que pensam sair por causa da crise. E brasileiros que estão em Portugal", disse Patrícia Marcelino à agência Lusa.

Os contactos são feitos pelas redes sociais e foi isso que a levou a editar em versão digital "Ó mãe, vou emigrar", dirigido a quem pondera emigrar para o Reino Unido.

"Permite chegar mais depressa a mais pessoas. A edição em papel deverá estar disponível no final do mês", adiantou.

O primeiro de três volumes cobre questões como os documentos necessários para mudar a residência para o Reino Unido, incluindo as questões relacionadas com o subsídio de desemprego em Portugal.

Os livros seguintes, que deverão sair nos próximos meses de dezembro e janeiro, explicam como fazer um currículo, procurar emprego, alojamento ou como lidar com as burocracias administrativas britânicas.

O guia tem o mesmo nome das oficinas que Patrícia Marcelino, voluntária junto da comunidade portuguesa em Londres, realiza em Portugal para aconselhar potenciais emigrantes.

"O objetivo", vincou, não é incentivar as pessoas a emigrarem, mas atrasar o máximo possível a vinda. Devem estudar e preparar-se bem antes de pôr a mochila às costas e só tomar a decisão depois de planear bem".

O projeto começou no início deste ano e tem realizado `workshops` com autarquias, estabelecimentos de ensino, agências de formação, preparando-se para trabalhar nos próximos dias com o Ministério da Defesa Nacional.

"Pretende mostrar aos ex-militares e militares contratados oportunidades após o fim dos contratos, que têm um limite de oito anos", explicou.

Patrícia Marcelino instalou-se em Londres em 2012 para terminar um doutoramento em comunicação, mas nos últimos anos dedicou-se a ajudar a comunidade portuguesa, organizado ações de culturais e de apoio social, como aulas de inglês.

Segundo a sua experiência, as duas principais barreiras numa boa experiência de emigração para o Reino Unido são a falta do domínio da língua inglesa e o envio de currículos em formato inadequado.

"Enviam o currículo em modelo Europass e ficam sem resposta sem perceber porquê. Aqui ninguém faz currículos dessa maneira", vincou.

Quanto ao idioma, enfatizou, é necessário um conhecimento mínimo.

"A pronúncia não é importante porque há muitos estrangeiros e isso não impede a progressão profissional", garantiu.

A autora avisou ainda para o risco de ficar no quarto de amigos porque podem ser despejados pelos senhorios e de calcularem o custo de vida com base no salário mínimo.

"No início nem sempre se tem um trabalho normal e o dinheiro pode não chegar para pagar alojamento e transportes, que são as coisas mais caras", advertiu.

Tópicos
PUB