O porta-voz do exército paquistanês, o general Asim Bajwa, anunciou na rede social Twitter que nas últimas horas decorreram cinco grande operações anti-terroristas, em perseguição dos responsáveis pelo atentado em Lahore este domingo. Foi apreendido um "enorme arsenal" e detidos "vários" terroristas e mediadores. As operações são tanto para vingar as vítimas do atentado como para responder ao desafio deixado por um grupo conotado com os taliban paquistaneses, que prometeu novos ataques.
O último balanço dava conta de 72 mortos, dos quais 29 crianças e seis mulheres, além de 315 feridos.
O ataque visou especificamente os cristãos. Perante milhares de fiéis reunidos na Praça de S. Pedro, o Papa Francisco reagiu e classificou o atentado como "um crime vil e sem sentido", "odioso," que massacrou "vítimas inocentes".
Francisco exigiu ontem maior proteção para a minoria cristã do paquistão.
Operações anti-terroristas
Lahore é a maior cidade da província do Punjab e a Chefia de Estado Maior do Paquistão reuniu-se logo depois do atentado, para lançar de imediato uma série de operações anti-terroristas.
"Temos de levar à justiça os assassinos dos nossos irmãos, irmãs e crianças inocentes e nunca deixaremos que estes selvagens inumanos se sobreponham à nossa vida e e à nossa liberdade," declarou então o porta-voz militar o general Asim Bajwa, através do Twitter.
Um tweet republicado por milhares de paquistaneses, nomeadamente o ex-Presidente Pervez Musharraf.innocent brothers,sisters&children to justice &will never allow these savage inhumans to over run our life and liberty-3/3
— Gen Asim Bajwa (@AsimBajwaISPR) March 27, 2016
Retweeted Gen Asim Bajwa (@AsimBajwaISPR):
— Pervez Musharraf (@P_Musharraf) March 27, 2016
innocent brothers,sisters&children to justice &will never allow these... https://t.co/5jCGHERqWe
Esta manhã, os tweets do general versaram o andamento das operações de segurança. Foi capturado um enorme arsenal e detidos vários terroristas e mediadores, anunciou.
Number of suspect terrorists and facilitators arrested and huge cache of arms and ammunition recovered-3
— Gen Asim Bajwa (@AsimBajwaISPR) March 28, 2016
O general referiu um total de cinco operações na província do Punjab, que incluíram a cooperação dos serviços secretos com o exército e rangers e decorreram em Faisalabad e Multan. Novas operações estão previstas, anunciou, graças a novos indícios.
Int agencies with Army& Rangers carried out 5 ops in Lhr,Fsd&Multan since last night. Ops continue with more leads coming in-2
— Gen Asim Bajwa (@AsimBajwaISPR) March 28, 2016
Entre as três publicações seguidas, cerca das 9h00 em Portugal, Asim Bajwa referiu ainda que o Chefe de Estado Maior do Paquistão se reuniu de manhã ao mais alto nível para seguir o progresso das operações no Punjab.
O atentado de Lahore abalou o Paquistão, onde a memória do ataque de dezembro de 2014 a uma escola de Peshawar, que fez 154 mortos, está ainda fresca.#COAS chaired a high lvl security mtng at GHQ today to review progress of op in Punjab to nab terrorists in the aftermath of Lahore Blast-1
— Gen Asim Bajwa (@AsimBajwaISPR) March 28, 2016
Desafio Taliban
"Entre dez a 15 cristãos foram mortos," referiu à France Presse (AFP) o porta-voz dos serviços administrativos da cidade. Na manhã desta segunda-feira, a situação nos hospitais era ainda caótica.
O primeiro-ministro Nawaz Sharif percorreu as enfermarias cheias de vítimas e prometeu fazer justiça.
"O nosso compromisso como nação e como Governo está a fortalecer-se e o inimigo cobarde está a atingir alvos mais fáceis," declarou, de acordo com um comunicado emitido pelo seu gabinte.O primeiro-ministro exige ainda maior coordenação a nível dos serviços de informações.
O grupo taliban Jamaat-ul-Ahrar assumiu a responsabilidade pelo atentado, assumindo que visou deliberadamente os cristãos, e desafiou o Governo.
"Nós realizámos o atentado em Lahore, pois os cristãos são o nosso alvo," afirmou por telefone à AFP Ehsanullah Ehsan, o porta-voz do Jamaat-ul-Ahrar.
"Queremos mandar esta mensagem ao primeiro-ministro Nawaz Sharif que entramos em Lahore," disse. "Ele pode fazer o que quiser mas não será capaz de nos deter. Os nossos bombistas suicidas continuarão estes ataques," prometeu.
Depois deste desafio, as autoridades anunciaram uma caça ao homem contra os autores do atentado.
O Jamaat-ul-Ahrar realizou vários atentados no Paquistão desde 2014. Nesse ano separou-se dos taliban e anunciou fidelidade ao grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante, acabando por regredir e voltar ao movimento taliban.
Entre os atentados reivindicados pelo grupo está o duplo ataque a duas igrejas cristãs de Lahore, a 15 de março do ano passado.