"Leão" sai ferido do Santiago Bernabéu

por Marcos Celso - RTP
O pior ainda estava para vir Reuters, EPA

O Sporting perdeu, no último minuto, mas deu uma grande lição tática a um Real Madrid algo apático face à boa organização "leonina". Na hora de atacar, o pragmatismo do Sporting venceu, e na hora de defender Rui Patrício esteve seguro entre os postes. Ronaldo quase nem se viu, mas atirou ao poste e marcou em livre direto.

Entrada cautelosa de ambas as equipas, pertencendo ao Sporting a primeira oportunidade num remate de fora da área por parte de Bruno César, com a bola a sair ligeiramente ao lado da baliza de Kiko Casilla.



De imediato, a equipa espanhola tentou jogar com passes rápidos, baralhando os "leões", mas a equipa de Alvalade manteve uma pressão alta, com o intuito de roubar o esférico e criar perigo. E isso aconteceu novamente aos 8 minutos com um remate de Gelson a obrigar a defesa apertada do guarda-redes espanhol. A até esta altura do jogo, Ronaldo apenas tentou. por uma única vez, pegar na bola e fazer das suas.

Assim, nestes primeiros quinze minutos de Liga dos Campeões, em Madrid, Bale, Modric e companhia aperceberam-se de que a tarefa, frente a um Sporting muito personalizado, não se adivinhava nada fácil perante a boa organização em campo dos pupilos de Jesus.

Os minutos iam passando e mantinha-se o nulo no resultado, com o Real a não ter direito a linhas de passe e o Sporting a impor a troca de bola na linha de meio-campo.

Ao passar do minuto 24, o Sporting obteve o seu primeiro pontapé de canto, sinal do que se ia passando nas quatro linhas. Aos 26, uma bomba de Ronaldo obrigou Rui Patrício à melhor defesa, até ao momento.



O atual campeão europeu, que tem como ambição tornar-se o primeiro clube a conquistar o troféu em dois anos consecutivos, apenas podia explorar o ataque pelas laterais, mas mesmo assim com muitas dificuldades.

O ponto crítico para o Real surgiu ao passar da meia hora de jogo, com dois lances seguidos de perigo por parte do Sporting: um remate de William Carvalho bateu num defesa quando a bola ia direitinha para a baliza e um cruzamento de Gelson em que a bola passou pela baliza adversária sem que alguém surgisse para apenas encostar e marcar.

A cinco minutos do intervalo uma escapadela de Ádrien terminou com remate forte e devidamente correspondido com defesa de Kiko Casilla.

O intervalo chegou com um livre perigoso, do lado esquerdo, com Cristiano a fazer o esférico sobrevoar a defesa contrária e sair para fora. Nota positiva para o Sporting neste confronto com o temível Real Madrid.

  "O rugido do leão"

Aos 3 minutos de jogo gritou-se golo, mas do Sporting, com Bruno César a concretizar uma troca de bola em que Brian Ruiz, perante uma defesa espanhola apática, insistiu e encontrou o "chuta-chuta" sozinho na área. A bola estava lá dentro em pleno Santiago Bernabéu.

Aos 54, novo remate de Bruno César a causar calafrios na baliza do Real Madrid.
Por esta altura, Jorge Jesus abandonava o banco "leonino" por mais uma ordem de expulsão.



E aos 62 minutos, mais perigo para a baliza espanhola, Gelson, pela direita, cruzou e foi por falta de sorte que Bas Dost falhou o segundo.

Bale ainda marcou um livre perigoso mas com marcação desajeitada. De seguida, saíram Bale e Benzema, entraram Morata e Lucas Vasquéz numa tentativa de mudar o rumo do jogo e do resultado. Jesus respondeu com Markovic.

Modric foi o autor do grande lance de perigo para a baliza do Sporting, onde Rui Patrício se impunha face ao contante ataque "merengue". Pertenceu a Carvajal outra grande oportunidade, mas a bola saiu por cima da baliza.

Mas, aos 82 minutos, Ronaldo encostou o pé na bola e atirou ao poste, naquele que foi o grande lance do Real Madrid. Na sequência do lance a bola ainda entrou, mas o jogador da casa estava em posição de fora-de-jogo.

  Um final para esquecer



E faltavam dois minutos para os noventa, quando coube a Cristiano Ronaldo a missão de marcar um livre direto, quase frontal à baliza de Patrício. O campeão europeu português aplicou a sua melhor execução e fez a bola entrar juntinho ao poste esquerdo da baliza do Sporting, sem qualquer hipótese de defesa. Ronaldo levantou os dois braços, como que a pedir desculpa aos adeptos do Sporting.



O empate foi um balde de água fria, mas o pior ainda estava por aparecer. Jogada de insistência na área do Sporting, onde surge Morata - no último minuto dos 4 de compensação - para, de cabeça, dar a golpada final na partida.

Em conclusão, saiu vencedora a equipa que esteve quase 90 minutos a perder, e que durante o encontro foi sendo controlada pelo Sporting. Jorge Jesus esteve perto de fazer história mas, no final, ganhou o Real Madrid.

Inconformismo domina o pós-jogo

Um dos jogadores mais atrevidos em Madrid foi Bruno César, o autor do golo "leonino". O jogador brasileiro lembra que o Sporting não receou o Real.

O técnico do Sporting, inconformado com este desfecho, recorda que a sua equipa dominou o seu adversário.

O Sporting teve na mão uma oportunidade histórica de ficar na má memória dos campeões europeus. Mas, para os mais atentos, já se sabe, o futebol é mesmo assim, surpreendente.


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