Naquela que foi a melhor partida portuguesa em França desde que começou o Euro, o empate voltou a acontecer num jogo da equipa das quinas. Portugal até começou a partida a perder mas um golaço de Renato Sanches igualou as incidências. Depois de um prolongamento em que poucos quiseram arriscar, nas grandes penalidades nenhum jogador português soçobrou e as meias-finais voltam a ser uma realidade para a turma de Fernando Santos. Agora, é esperar por Bélgica ou País de Gales. Portugal já está entre as quatro melhores seleções da Europa.
Fernando Santos manteve Adrien no onze inicial e promoveu a titularidade de Renato Sanches e Eliseu, com Raphael Guerreiro a não conseguir debelar uma lesão.
Complicado. É como se pode descrever o início de jogo português. Logo aos dois minutos, uma perda de bola de Renato Sanches a meio-campo deu origem ao primeiro golo da partida. Cédric falhou a interceção e Grosicki, sozinho no lado esquerdo do ataque polaco, encontrou Robert Lewandowski que rematou de primeira e forte para o fundo das redes de Rui Patrício.
Foto: Reuters
Início catastrófico da seleção portuguesa que se viu a perder no mítico Velodróme. Nos minutos seguintes os polacos souberam trocar bem a bola e continuaram a tentar chegar à baliza portuguesa. O primeiro sinal de perigo português veio dos pés de Cristiano Ronaldo, que esbarrou na muralha polaca. A bola haveria de sobrar facilmente para Fabianski.
Ao quarto de hora Milik ganhou espaço à entrada da grande área portuguesa mas rematou torto e a Polónia continuou a ameaçar com o segundo golo. Lewandowski trabalhou bem já dentro da área lusa e rematou forte. No entanto, o pontapé saiu à figura de Rui Patrício.
A partir dos 20 minutos só deu Portugal e Nani, descaído pelo lado esquerdo do ataque, encontrou Cristiano Ronaldo que rematou forte mas à figura de Fabianski.
À meia-hora de jogo lance polémico na área polaca. Cristiano Ronaldo é abalroado por Pazdan, mas Felix Brych nada assinalou. Segundo castigo máximo por marcar para a seleção portuguesa, depois do mesmo erro ter sido cometido frente à Croácia.
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Mas dois minutos depois o menino da Musgueira, ele mesmo, Renato Sanches, encetou uma grande combinação com Nani, que passou de calcanhar para o novo jogador do Bayern de Munique. Sanches recebeu à entrada da área e rematou com fé para o fundo das redes da Polónia. Festa em Marselha com o primeiro golo de Renato Sanches pela seleção portuguesa.
Com este tento, o atleta português tornou-se no jogador português mais novo a marcar um golo por Portugal num Europeu.
Até ao fim da primeira parte Portugal continuou a tentar o golo da vantagem. Com Pepe imperial na defesa, Nani, aos 44 minutos ainda rematou mas Fabianski defendeu com facilidade.
Segundo tempo: quando a bola teima em não entrar
No começo da segunda parte foi a Polónia que voltou a entrar mais forte. Com boas trocas de bola e utilização eficaz dos corredores, Lewandowski colocou Rui Patrício à prova, com um cabeceamento em queda.
No entanto Portugal começou a materializar o domínio do jogo e Cristiano Ronaldo, bem isolado por Nani, tentou o remate e o golo mas o esférico saiu às malhas laterais da baliza da Polónia.
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De seguida CR7 e Adrien voltaram a tentar mas falharam nas suas intenções. Cristiano não acertou bem no esférico e Adrien viu o seu pontapé a ser bloqueado pelos polacos. Os portugueses estiveram perto de gritar o segundo golo quando aos 63 minutos Cédric Soares, descaído pelo corredor direito, surpreendeu com um remate perigosíssimo que quase bateu Fabianski.
A Polónia só se mostrou aos 70 minutos e com um remate fraco de Milik, que não acertou com a baliza de Rui Patrício. Até ao fim da partida, destaque para uma grande recuperação de Pepe, que ao tentar isolar Ronaldo, viu Jedrzejczyk, lateral esquerdo da Polónia, cortar o esférico, numa situação que quase acabou num autogolo.
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Ronaldo teve uma partida desastrada e perto do fim do tempo regulamentar teve nos pés o 2-1. Um passe magistral de João Moutinho isolou o capitão português que falhou o remate e bradou aos céus a sua desilusão.
Depois da Croácia, a Polónia. Novo prolongamento. Mais meia-hora para resolver um problema que poderia ter sido resolvido nos primeiros 90 minutos.
Prolongamento e os penáltis do sofrimento
Na meia-hora seguinte, nenhuma das duas equipas quis arriscar algo que pudesse dar a vitória ao adversário. Mesmo assim, as melhores oportunidades foram portuguesas. Cristiano Ronaldo voltou a falhar mesmo à boca da baliza de Fabianski e o último lance de real perigo aconteceu aos 102 minutos. Depois de se livrar bem da marcação cerrada de um defesa polaco, Nani rematou forte. Para seu azar, a bola encaixou no guardião polaco.
E até que vieram os penáltis. Os últimos (que de certeza nos vieram à memória) foram contra a Espanha em 2012 e a equipa das quinas ficou pelo caminho, com duas grandes penalidades falhadas por João Moutinho e Bruno Alves.
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Mas não desta vez. Cinco. Cinco penáltis e todos eles exemplarmente marcados. Cristiano Ronaldo, Renato Sanches, João Moutinho, Nani... e quatro golos festejados. E foi aí que surgiu São Patrício. Jakub Blaszczykowski preparou-se para bater o quarto penálti, o que daria o empate a quatro golos entre as duas equipas. No entanto Rui Patrício foi enorme, estirou-se e foi buscar o remate do jogador da Fiorentina bem lá ao canto da sua baliza.
Festa generalizada dos portugueses no Velodróme e foi a Ricardo Quaresma que coube a decisão de levar Portugal para as quatro melhores seleções europeias. E o jogador do Besiktas não desiludiu. Penálti bem marcado, sem hipóteses para Fabianski. E a equipa lusa festejou efusivamente com a passagem às meias-finais carimbada.