Nóvoa não põe em causa subvenções a ex-PR mas reitera que se for Presidente não receberá
Porto, 21 jan (Lusa) - O candidato presidencial António Sampaio da Nóvoa disse hoje não pôr em causa as subvenções vitalícias dos antigos chefes de Estado, que o apoiam nas eleições, mas reiterou que se chegar ao Palácio de Belém não quererá ter a referida subvenção.
"Tenho um enorme respeito por tudo o que são contratos com pessoas, previsibilidade nas vidas das pessoas. Respeito isso integralmente. Mas julgo que ao olhar para o futuro temos o direito também de dizer o que é a nossa opção. E a minha opção é que nunca quererei ter uma subvenção desse tipo", vincou Nóvoa.
O candidato falava à agência Lusa no Porto, numa pequena pausa depois de uma ação em Gondomar e antes da tradicional arruada na rua de Santa Catarina, na cidade invicta.
Esta tarde, o `histórico` socialista Manuel Alegre acusou Sampaio da Nóvoa de ofender os antigos Presidentes da República ao defender o fim das subvenções vitalícias para ex-titulares de cargos públicos, e Nóvoa vincou que a sua posição sobre a matéria para o futuro não põe em causa as subvenções de Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio, antigos chefes de Estado que apoiam a candidatura do antigo reitor.
O aspirante a Belém reiterou que ao longo da campanha e "desde o primeiro dia" evitou sempre "a pequena trica, a pequena intriga": "Nunca me viram a atacar os partidos", advertiu.
Na breve conversa tida com a Lusa, o antigo reitor - que nunca havia concorrido a eleições ou integrado uma campanha eleitoral - definiu como uma "experiência extraordinária" as duas semanas oficiais de campanha rumo ao sufrágio de domingo.
"Acho que passar por isto é uma coisa única na vida de uma pessoa. Estou felicíssimo por isso e pela maneira como as coisas correram. Estou muito contente e ao mesmo tempo muito descontraído. Estou menos cansado hoje do que no primeiro dia de campanha", sublinhou.
O candidato diz que a maior marca do tempo na estrada é o "contacto direto com as pessoas nas ruas", as mensagens que recebeu, "sobretudo ao ouvido, sobretudo aqueles pedidos de esperança e de crença".
"Esses momentos são marcantes, tenho muitos gravados na minha memória", disse.
A nível de palco e comícios, Matosinhos "foi muito marcante", pese embora ainda faltem os comícios desta noite, no Porto, e de sexta-feira em Lisboa, evento que sucederá à tradicional descida do Chiado na capital portuguesa.
As eleições presidenciais decorrem no domingo e Sampaio da Nóvoa tem reiterado que a sua candidatura é a única capaz, numa eventual segunda volta, de derrotar a candidatura recomendada por PSD e CDS-PP, a de Marcelo Rebelo de Sousa.
As subvenções vitalícias são uma pensão mensal, criada em 1985, destinada aos antigos titulares de cargos políticos e criada como forma de compensar o serviço à causa pública. Esse direito foi extinto em 2005, pelo Governo de José Sócrates: a partir de então, só quem tenha mais de 55 anos e já tenha completado 12 anos em funções políticas pode pedir para receber a subvenção.
Na segunda-feira, o Tribunal Constitucional (TC) declarou a inconstitucionalidade da norma que foi introduzida pela primeira vez no Orçamento do Estado para 2014, e que teve como consequência a suspensão do pagamento das subvenções vitalícias a ex-titulares de cargos políticos cujo rendimento do agregado familiar fosse superior a 2 mil euros.