A Comissão Política do PS esteve reunida até praticamente às duas da manhã e votou favoravelmente a proposta de avançar com uma moção de rejeição ao programa do Governo PSD-CDS. É a resposta dos socialistas à decisão de Cavaco Silva de indigitar Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro. António Costa recebe ainda luz verde para prosseguir as negociações à esquerda.
Uma decisão, diz o comunicado, que vem da consciência que a Comissão Política tem de que a “a direita coligada não reconhece a necessidade de virar a página da austeridade e interromper a estratégia de empobrecimento, e atendendo ao facto de o PS estar em condições de oferecer ao país uma alternativa de governo consistente, estável e duradoura”.
PS junta-se assim a PCP e Bloco de Esquerda, que já tinham anunciado a mesma estratégia.
Presidente no centro das críticas
O comunicado do PS lança várias farpas ao Presidente da República Aníbal Cavaco Silva e ao discurso desta quinta-feira aos portugueses.
A Comissão Política do PS não desarma e escreve: “Restará ao PR [Presidente da República], se este, como esperamos, não abandonar o seu compromisso de respeito pela democracia e pela defesa do interesse nacional, proceder, subsequentemente, à indigitação do candidato a PM [primeiro-ministro] que beneficie de um apoio maioritário na Assembleia da República, nos termos da Constituição da República”.
Os socialistas consideram que “não é atendível em democracia que o PR [Presidente da República], porém, para além dessa processualidade que só fará o País perder tempo, se constitua como oponente à vontade de um conjunto maioritário de eleitores que extravasa em perto de 1 milhão os que apoiaram a coligação de direita”.
A Comissão Política critica Cavaco Silva por questionar os compromissos de um eventual governo PS quanto à “opção estratégica europeia” ou “a observância dos compromissos no quadro da Zona Euro”.
O documento votado naquele órgão do Partido Socialista diz o Presidente “não tem o direito de questionar a genuinidade e a validade do compromisso” dum governo PS sobre esses temas e diz que “não aceita que se confunda um programa de governo que não contém tais intenções com o direito legítimo de partidos, que o votarão favoravelmente, de terem outras posições”.
Prosseguir negociações à esquerda
A Comissão Política Nacional do partido decidiu ainda mandatar António Costa a "prosseguir as negociações e concluir um acordo com o BE, o PCP e o PEV, e para aprofundar os contactos com o PAN, com vista a uma solução alternativa de governo estável, credível e consistente, devendo esse acordo ser, oportunamente, presente à Comissão Política".
As decisões foram aprovadas sem votos contra e com duas abstenções.
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