A coligação Portugal à Frente ganhou as eleições legislativas com 36,8 por cento dos votos e perdeu a maioria absoluta. Uma situação que irá dificultar a governação. Mas a maioria promete procurar acordos que evitem "crises politicas".
Passos afirmou que a coligação irá fazer tudo para evitar que o Portugal fique refém "de crises políticas", prometendo pôr de lado as "bandeiras partidárias" para viabilizar o crescimento do país.
"Tomarei a iniciativa de contactar o Partido Socialista", prometeu Passos.
"Temos condições para atingir um plano superior de ambição para o nosso país". "Tudo faremos para que os próximos anos não tenham sobressaltos", acrescentou.
Passos Coelho agradeceu a "todos os portugueses que entenderam que era importante votar nestas eleições".
"Governar para todos"
"Interpretaremos com muita humildade o resultado que nos confiaram", acrescentou Passos, reconhecendo que os eleitores recusaram dar à coligação uma maioria absoluta no Parlamento.
O primeiro-ministro prometeu "governar para todos procurando os compromissos indispensáveis para dar estabilidade às politicas que necessitamos para os próximos quatro anos".
Passos revelou já ter acertado com Paulo Portas a formação "de um acordo de governo que sempre esteve subjacente ao acordo de coligação".
Nestes primeiros dias da semana daremos "o passo indispensável para comunicar ao PR que a força mais votada nas eleições está disponível para formar governo", afirmou.
Tempos "desafiantes"
Passos deixou ainda a promessa de procurar entendimentos, interpretando "de forma correta e humilde a vontade do eleitorado" de não dar a maioria absoluta que a coligação havia pedido para governar.
"Estamos a concluir um ciclo eleitoral" difícil, recordou o primeiro-ministro em funções, considerando que este mesmo ciclo se conclui com esperança de recuperação.
"O Parlamento na sua nova configuração irá exigir mais de todos nós", reconheceu o primeiro-ministro.
Os tempos que aí vêm serão "desafiantes", reconheceu, lembrando ainda assim que mais de 70 por cento do Parlamento está "dentro da perspetiva de filiação europeia e de moeda única", condições "indispensáveis" para continuar a fazer Portugal crescer, na perspetiva de Passos.
Promessas de entendimento
A prioridade do novo Governo será "dotar o pais de um orçamento para 12016", "manter Portugal com um défice abaixo dos três por cento" e "diminuir a dívida Pública", mantendo "a disciplina e o rigor das contas públicas".
Passos prometeu ainda procurar a "recuperação do rendimento" necessária para "progressivamente ir deixando as medidas da austeridade".
Repetiu que pretende remover até 2016, "progressivamente, a sobretaxa do IRS dentro de um caminho seguro", manter "como tínhamos previsto a recuperação dos salários da administração pública" e dar "um alívio fiscal às famílias numerosas".
"Reconciliamo-nos com o nosso eleitorado"
Paulo Portas prometeu que a coligação vai ler "os resultados com entusiasmo e com autenticidade" e manter uma "atitude limpa" nos próximos dias.
Saudando "todos os portugueses que manifestaram a sua vontade", o líder do CDS sublinhou que esta foi dar a vitória à coligação, "com clareza e uma significativa distância em relação ao segundo classificado".
"Perdemos as eleições europeias com 28 por cento e vencemos as eleições legislativas com cerca de 30 por cento dos votos", recordou Portas.
"Reconciliamo-nos com o nosso eleitorado", estimou, para recordar que o Executivo partilhado com Passos Coelho teve "de governar em estado de emergência" e que "foi a primeira vez que uma coligação terminou uma legislatura".
Derrota do PS
Portas agradeceu a oportunidade dada pelos eleitores de governar em crescimento, ao contrário do que afirmou ser a normalidade. "A nossa área política", repetiu, é chamada "quando a casa está a arder".
"Alguma história da nossa democracia se escreveu hoje", disse.
Os portugueses quiseram com total clareza que o PSD-CDS sejam governo por mais quatro anos mas não deram maioria absoluta, reconheceu Portas.
Garantindo que "saberemos ler esse dupla circunstância", de forma política responsável. "O povo falou saberemos certamente honrar aquilo que o povo disse", garantiu Portas.
"A derrota do PS é inapelável" considerou o líder centrista, pondo de parte a hipótese de qualquer vitória "na secretaria".
"Os portugueses não compreenderiam que a sua vontade expressa nas urnas fosse desrespeitada", afirmou o líder do CDS.
"Terceira força"
"As coisas são o que são, não é possível transformar uma derrota as urnas numa espécie de vitória de secretaria, ou tentar impor uma maioria negativa ou de instabilidade num país que está em recuperação," afirmou.
"Há alterações na relação de forças", mas "convém sublinhar que a larga maioria do parlamento continua formada pelos "partidos do arco da governabilidade", lembrou Portas.
O líder centrista disse ainda que o CDS poderá estar em condições de ser "por si ou ex aequo" a terceira força parlamentar, num evidente encontrão ao Bloco de Esquerda, que duplicou a presença no Parlamento e ultrapassou a CDU.