A Administração do Porto de Lisboa vai apresentar até Junho ao governo as grandes linhas do seu plano estratégico, para 20 anos, com expansão em Alcântara, para mercadorias, e criação de um terminal para passageiros em Santa Apolónia.
Num encontro entre responsáveis da Administração do Porto de Lisboa (APL) e agentes intervenientes na actividade portuária, como operadores e concessionários, que contou com a presença da secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, foram hoje apresentadas algumas ideias acerca do que poderá constar no plano.
O presidente da APL, Manuel Frasquilho, salientou estar a concluir-se um primeiro passo, chamado de fase zero, para identificar o perfil do Porto de Lisboa e as áreas de negócios a apostar na zona da sua responsabilidade, de 50 quilómetros, entre Paço de Arcos e Alhandra, na margem norte, e Trafaria e Benavente, na margem sul.
O segundo passo será a apresentação ao governo, em Novembro, de uma primeira proposta de projectos para as margens do Tejo e que vão desenvolver-se com base nas actividades de carga (de contentores), onde o porto de Lisboa é o quarto maior na Península Ibérica, a par com Bilbau, granéis sólidos alimentares (primeiro juntamente com Tarragona), cruzeiros, náutica de recreio e gestão patrimonial e de lazer.
Quanto aos problemas identificados, Manuel Frasquilho aponta as acessibilidades ao porto, o sistema logístico e as limitações físicas para o crescimento de alguns segmentos.
Chamando a atenção para a importância da discussão e coordenação entre todas as entidades que podem ter uma palavra a dizer no desenvolvimento da zona portuária e envolvente, Manuel Frasquilho referiu a necessidade do trabalho conjunto de 11 autarquias e 22 concessionários.
O plano em definição vai ser desenvolvido num período longo, de cerca de 20 anos, com as soluções a irem surgindo à medida que a procura ou o mercado o exigem, disse o presidente da APL.
Além destes agentes, também a Refer e a CP são chamadas a colaborar para encontrar soluções de ligação entre o transporte marítimo e ferroviário, evitando sempre que possível, o rodoviário, e utilizando também barcaças, como salientou a secretária de Estado.
Ana Paula Vitorino explicou que cada um dos cinco grandes portos portugueses (Lisboa, Leixões, Aveiro, Setúbal e Sines) vai ter o seu plano estratégico que terá de ser coordenado no plano nacional para o transporte marítimo para a competitividade face ao exterior.
Por sua vez, o plano estratégico nacional da parte marítima integra-se na definição da logística dos transportes onde se incluem, além do sistema marítimo/portuário, o ferroviário e o rodoviário.
A governante apontou os problemas de acessibilidades, mas também da localização das plataformas logísticas que têm de seguir as necessidades e interesses dos sectores que as utilizam, como a indústria, o comércio ou o turismo.
No entanto, as soluções encontradas têm de ter não só "viabilidade física, mas também económica e financeira pois é de um negócio que se trata", defendeu.
Entre os exemplos de projectos avançados por Manuel Frasquilho está a reconversão da Doca do Jardim do Tabaco e a construção de um novo terminal de passageiros, em Santa Apolónia, alterações no terminal de Alcântara, beneficiações na Doca de Santo Amaro e no Cais do Sodré e reabilitação da Doca de Pedrouços.
O projecto de Santa Apolónia contempla uma área de serviços e comércio, num investimento de cerca de 45 milhões de euros.
O objectivo é adequar a oferta de Lisboa à evolução no mercado de cruzeiros, melhorar as condições de serviço e a qualidade para apostar fortemente no turismo, localizando o terminal junto do centro histórico da cidade.
Outro exemplo é o terminal de Contentores de Alcântara, cuja área de concessão do terminal de Contentores será ampliada para melhorar a competitividade de Lisboa no contexto ibérico e proporcionar uma porta marítima de movimentação de mercadorias a baixo custo para a região.
De acordo com o projecto, as obras em Alcântara deverão começar em 2007.
Como avançou o presidente da CP, António Ramalho, também presente no encontro, o transporte ferroviário de ligação ao porto de Alcântara pode aumentar a oferta, com as actuais infra-estruturas, pois tem uma capacidade instalada que lhe permite ter seis comboios por dia contra os actuais três diários.
"A CP tem capacidade para acompanhar o crescimento esperado para o porto [em Alcântara] nos próximos dois anos", afirmou António Ramalho.
Quanto ao Cais do Sodré, o presidente da APL referiu que a zona será reconstruída, a circulação reordenada e esta região recebe a sede da Agência Europeia de Segurança Marítima e o Observatório Europeu para a Droga e a Toxicodependência, além da instalação de edifícios de escritórios.
A Doca de Pedrouços, anteriormente ocupada pela Docapesca, vai ser reabilitada e adaptada, num projecto que pode estar preparado até final do ano.
Por sua vez, a Doca de Santo Amaro recebe obras de remoção e beneficiação de todo o equipamento flutuante.
O porto de Lisboa tem mais de 4,5 mil milhões de euros de valor bruto de produção, origina cerca de 38.300 postos de trabalho e as mercadorias movimentadas na sua área ultrapassam 13,5 mil milhões de euros, referem dados da APL.