Vila Real, 20 jun (Lusa) -- A petição "Manifesto pelo Vale do Tua" é entregue na sexta-feira, na Assembleia da República, reunindo 5.324 assinaturas em defesa da paragem das obras da Barragem de Foz Tua, anunciaram hoje os promotores da iniciativa.
Caberá ao presidente do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), João Joanaz de Melo, entregar as assinaturas na qualidade de primeiro subscritor da petição.
Esta é a terceira iniciativa do género e pede a suspensão da barragem, cuja construção arrancou em 2011 debaixo de muitas críticas por parte das associações ambientalistas e movimentos cívicos que alertaram para a "destruição" do vale do Douro e para os danos "irreversíveis" provocados no Douro Património Mundial.
A petição é entregue poucos dias depois do Comité Mundial da UNESCO ter aprovado, no Camboja, uma deliberação que refere que o empreendimento hidroelétrico "não afeta de forma irreversível" o Alto Douro Vinhateiro (ADV), podendo a obra prosseguir com algumas salvaguardas.
Os promotores da iniciativa querem aproveitar a entrega formal das assinaturas ao vice presidente da Assembleia da República António Filipe, para "relembrar que é urgente parar a construção da barragem de Foz Tua agora".
"Será cerca de 30 vezes mais barato do que deixá-la avançar e pagar `a posteriori` os custos de uma eletricidade cara e de uma obra inútil e lesiva do interesse público", afirmam num comunicado.
O texto da petição aponta para a "iminente a destruição do Vale do Tua" e defende "a paragem imediata das obras da barragem, antes que sejam cometidos danos irreparáveis sobre um património de inestimável valor social, ecológico e económico, parte da herança cultural e identidade nacional".
São indicadas "sete razões" para parar a hidroelétrica em construção.
Alegam que a barragem "não cumpre os objetivos de aumento da produção nacional de energia" e que "é cara, não é necessária e existem alternativas", além de a classificarem como "uma tentado social, ambiental, e cultural".
A petição exige que se suspendam de imediato as obras da barragem de Foz Tua, que seja revogada a portaria que atribui 300 milhões de euros de subsídios às empresas elétricas pela construção de novas barragens e que seja reaberto o processo de classificação da Linha do Tua como Monumento de Interesse Nacional.
A Assembleia da República já discutiu outras duas petições com o mesmo propósito, em 2009 e em 2011, apresentadas pelos movimentos cívicos pela Linha do Tua e dos Cidadão em Defesa da Linha do Tua, sem consequências em relação às solicitações apresentadas.