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Em entrevista à Antena 1, João Salgueiro avisa que subordinar o país "a tudo o que vem de fora" equivale a pôr de parte "a independência nacional". O antigo ministro das Finanças afirma ainda que pode haver "mais três bancos na linha para serem resgatados".
João Salgueiro foi vice-governador do Banco de Portugal depois do 25 Abril, ministro das Finanças da AD em 1981, esteve na administração da Caixa Geral de Depósitos e presidiu à Associação Portuguesa de Bancos.
O economista considera que a forma como Portugal está a gerir a questão da Banca põe em causa a independência nacional: "Se acomodamos tudo e se nos subordinamos a tudo o que vem de fora, ponham a independência nacional de fora".
Quanto à solução para o Novo Banco, Salgueiro sustenta que é necessário elaborar um estudo e "um livro branco". E "tem de ser um grupo independente que publique as alternativas". Porque "o problema é suficientemente importante, já não temos muitos bancos portugueses para estarem a ser desbaratados por urgências que não sabemos que existem e por oportunismos que também não sabemos se não existem".
"Uma nacionalização, porque é que não pode ser essa a solução?", questiona-se. João Salgueiro defende uma solução que tome como exemplo a Suécia: "Faria como os suecos, nacionalização para assegurar a qualidade (...) e depois pode-se vender".
"Mais três bancos na linha"
Pode haver, adverte João Salgueiro na entrevista à rádio pública, "mais três bancos na linha para serem resgatados". Depois do alerta do Banif, "que devia ter sido muito melhor explicado", e do dossier do Novo Banco, "pode haver o caso do BCP, da Caixa [Geral de Depósitos] e de um banco mais modesto, que pode ficar caríssimo também" para os contribuintes, avisa.
O Manifesto dos 51 tenta evitar uma nova venda à pressa. "O Banif foi a gota de água" para os signatários, explica João Salgueiro.
"A União Bancária é um aborto. É um escândalo. É um desastre", resume o antigo ministro das Finanças da AD de Pinto Balsemão, que não compreende como é que os governos embarcaram neste projeto europeu para o sistema financeiro.
Empregando uma metáfora para falar da banca, Salgueiro pergunta: "Então há uma pastelaria que se porta mal e são as outras que pagam?".
E exemplifica, uma vez mais em forma de pergunta, com a Caixa Geral de Depósitos. "Então agora é proibido ter empresas públicas?". Salgueiro não aceita que Bruxelas não deixe capitalizar a Caixa. Até porque também "há empresas públicas em França" ou "na Alemanha".
"O benefício da dúvida"
Quanto à governação apoiada pela esquerda parlamentar, João Salgueiro dá ao primeiro-ministro o "benefício da dúvida". Afirma "que porventura Costa tem tido mais sucesso do que as pessoas imaginaram, o problema é saber se é convincente a nível internacional".
"Dou sempre o benefício da dúvida, sobretudo a pessoas que considero, mas em termos de probabilidades acho que é muito escassa", sublinha.
Sugere, todavia, que António Costa devia ter interrompido as negociações sobre o Banif: "A negociação devia ter sido feita com muito mais dureza. Havia pretexto para interromper a negociação".
Neste ponto, Salgueiro é duro na crítica. "Não percebi [o que o Governo fez], uma coisa que devia ter sido bem explicada e não é. Há cumplicidades?", pergunta.