Um estudo encomendado pelo Governo japonês concluiu que um em cada cinco trabalhadores corre risco de vida causado pelo excesso de trabalho. O suicídio recente da empregada de uma agência de publicidade foi a ponta do iceberg, que chamou a atenção para o problema.
Segundo o diário japonês Yomiuri Shimbun, a jovem começara a trabalhar na agência de publicidade em abril, passara para a publicidade na internet em junho e obtivera um contrato efectivo em outubro. Desde então estava a fazer cerca de 70 horas extraordinárias por mês, e num caso 105 horas - muito para além do máximo legal permitido.
Quando um dos patrões lhe disse que 20 horas desse excedente eram inúteis para a empresa, ela entrou em depressão e começou a manifestar no twitter a intenção de suicidar-se. Acabou por fazê-lo em 25 de dezembro, saltando de um dormitório da empresa. A família pediu que fosse reconhecido um fundamento laboral para a morte, suscitando a investigação.
O estudo encomendado pelo Governo japonês, e citado pelo diário britânico Guardian conclui que todos os anos se estabelece com bastante certeza a ocorrência de centenas de mortes causadas por excesso de trabalho no Japão.
O Governo chefiado por Shinzo Abe mandou elaborar um "livro branco" a este respeito e, no relatório adoptado esta sexta feira em conselho de ministros constata-se que 22.7% das empresas inquiridas entre dezembro de 2015 e Janeiro de 2016 os seus trabalhadores faziam habitualmente mais de 80 horas extraordinárias por mês - o limiar a partir do qual as autoridades sanitárias consideram iminente o perigo de morte por excesso de trabalho.
A média de horas extraordinárias no Japão é muito mais elevada do que em vários outros países tomados como referência para a s 49 horas extraordinárias por semana: 21.3% no Japão, contra 16.4% nos EUA, 12,5 % na Grã-Bretanha e 10.4% em França.