Governo avança com medidas adicionais para conter défice

por Christopher Marques, Sandra Salvado - RTP
Pedro Nunes - Lusa

O ministro das Finanças anunciou que a meta do défice de 2,7 por cento não foi cumprida. Serão por isso aplicadas medidas adicionais para cumprir já este ano o défice de três por cento.

O Executivo socialista começa com um travão na despesa. Esta quinta-feira o Governo anunciou que não será possível cumprir a meta orçamental prevista pelo anterior elenco de Passos Coelho e Paulo Portas. Para que o país saia do Procedimento por Défices Excessivos, o ministro das Finanças anunciou medidas adicionais.

Mário Centeno avançou que serão congelados os "processos pendentes de descativações e transições de saldo de gerências não urgentes". O ministro revelou ainda que serão reduzidos os fundos disponíveis para as administrações públicas em cerca de 46 milhões de euros.
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O governante comprometeu-se também com a "não assunção de novos compromissos financeiros considerados não urgentes", conforme referido no comunicado do Conselho de Ministros.

Apesar do travão na despesa para o fim deste ano, o Governo mantém o objetivo de alcançar um défice orçamental de 2,8% do PIB em 2016. “Não traz nenhuma perturbação às medidas a incluir no Orçamento de 2016”, garantiu Centeno.

Numa primeira análise para o site da RTP, António Perez Metello explicou que estas medidas são "típicas" do fim de ano e que consistem em "não fazer um conjunto de gastos que não sejam absolutamente indispensáveis e inadiáveis", de forma a cumprir um determinado objetivo político. Neste caso, conseguir que Portugal saia do Procedimento por Défices Excessivos.
Cumprir a regra europeia
O Executivo mostra-se confiante de que com este “esforço adicional”, Portugal irá sair do Procedimento por Défices Excessivos. Ao respeitar a regra europeia, Portugal poderá beneficiar de uma visão mais favorável de Bruxelas, fruto da leitura que a Comissão Juncker tem feito dos tratados.

Alguns investimentos prioritários, como em reformas, podem beneficiar de um “olhar condescendente” da Comissão, explica o economista António Perez Metelo.
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"No próximo ano poderá haver um conjunto na casa dos 500 milhões de euros de despesa pública, basicamente de investimento ou despesa em reformas de fundo, que não contam para o défice."

"Mas isso só acontece se, já a partir deste ano, ficar claro que Portugal respeita o teto máximo de três por cento do PIB", explicou o economista.Desde que aderiu à moeda única, à luz dos critérios europeus vigentes, Portugal nunca teve um défice inferior a três por cento.


O anúncio agora feito por Mário Centeno dá seguimento às declarações feitas pelo deputado Paulo Trigo Pereira no Parlamento. O parlamentar tinha referido haver dificuldade em cumprir a meta, apesar de garantir que o Executivo tudo faria para a respeitar.

De acordo com o deputado, caso a execução orçamental do quarto trimestre fosse igual à do período homólogo, o défice ficaria em 3,1 por cento.

Na última semana, também a Unidade Técnica de Apoio Orçamental tinha dado o alerta. O Estado terá tido um défice de 3,7 por cento até setembro, o que a UTAO defendia tornar “exigente e de difícil concretização” a meta dos 2,7 por cento estipulada pelo Executivo de Passos Coelho.

Além disso, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental revelou que o anterior Governo tinha gasto mais de dois terços da almofada financeira disponível. Ou seja, do fundo de reserva que pode ser usado sem prejudicar o défice.
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