Economia cresce 0,1% no 1º trimestre face ao anterior e 0,8% em termos homólogos

por Sandra Salvado - RTP
Pedro A. Pina - RTP

A economia portuguesa cresceu 0,1 por cento no primeiro trimestre deste ano face ao último trimestre de 2015 e avançou 0,8 por cento em termos homólogos, divulgou esta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE). Pedro Passos Coelho já veio dizer que mesmo que a economia cresça cinco vezes mais nos próximos trimestres, o Governo não cumprirá as previsões do défice e da dívida. Por seu lado, António Costa recusa que a culpa da queda das exportações seja resultado do abrandamento da produção e considera que "dar prioridade às exportações não pode sacrificar o mercado interno".

A economia portuguesa cresceu 0,8 por cento no primeiro trimestre do ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados são do Instituto Nacional de Estatística, que apontam para uma desaceleração. Olhando para o trimestre anterior, nesse caso, o produto interno bruto cresceu 1,3 por cento.



De acordo com os dados publicados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), e se a análise for feita em cadeia, o PIB praticamente estagnou face aos três últimos meses do ano passado, avançando 0,1%.

A desaceleração das exportações e a quebra no investimento contribuiram para estes valores. Já o consumo interno teve um contributo positivo, tendo sido registado um crescimento mais intenso do consumo privado.

A procura interna manteve um contributo positivo, próximo do verificado no trimestre anterior, observando-se um crescimento mais intenso do consumo privado, enquanto o investimento desacelerou significativamente, refletindo a redução da Formação Bruta de Capital Fixo.



Ainda de acordo com os dados avançados pelo INE, e comparativamente com o 4º trimestre, o PIB registou uma taxa de variação de 0,1 por cento em termos reais (0,2 po cento no 4º trimestre).

O contributo da procura externa líquida foi negativo, em resultado da redução das Exportações de Bens e Serviços, enquanto a procura interna contribuiu positivamente.

Estes resultados não são propriamente uma novidade, mas confirmam as expectativas mais pessimistas para este trimestre. Vários economistas de universidades e instituições bancárias antecipavam variações homólogas entre os 0,8 por cento e os 1,3 por cento e, em cadeia, entre os 0,1 por cento e os 0,3 por cento. Nos dois casos, acabou por se ficar o valor mais baixo.
"Longe do objetivo do Governo"
No dia em que se sabe que a economia cresceu apenas 0,1 por cento, no primeiro trimestre, Pedro Passos Coelho disse que a evoluir apenas 0,1 por cento, “nem se a economia crescer cinco vezes mais nos próximos trimestres” será possível ao Governo cumprir as previsões do défice e da dívida". Passos Coelho dirigiu-se ao primeiro-ministro António Costa durante o debate quinzenal na Assembleia da República para criticar a situação económica.

"Hoje os dados divulgados pelo INE são muito claros (...) Quer dizer, se hoje formos particularmente otimistas para o crescimento nos trimestres seguintes, ainda assim ficaremos consideravelmente longe daquilo que era a meta proposta pelo Governo (...) Agora já se começa a ver de que haverá um mau resultado este ano se o Governo não corrigir a trajetória", referiu Pedro Passos Coelho durante o debate quinzenal.

Sem aposta no investimento externo e nas exportações, Passos Coelho disse a António Costa que Portugal está “condenado a morte lenta”.

E acrescenta: "Assumindo que crescerá muitíssimo mais, cinco vezes mais, do que cresceu no primeiro trimestre, em todos os trimestres seguintes, ainda assim ficará muito longe do objetivo do Governo, nem o défice nem a dívida serão objetivos alcançados este ano pelo Governo e pelo país, infelizmente, se alguma coisa não mudar".

"Senhor Primeiro-Ministro, enquanto é tempo, o que é que vai mudar?", concluiu o líder do PSD.
"Dar prioridade às exportações não pode sacrificar o mercado interno"
António Costa recusa que culpa da queda das exportações seja resultado do abrandamento da produção e aponta que o decréscimo de exportações para China, Angola e também Alemanha tiveram impacto nos números. No dia em que se sabe que a economia cresceu apenas 0,1 por cento no primeiro trimestre, o Primeiro-Ministro considerou ainda que "dar prioridade às exportações não pode sacrificar o mercado interno".

"A nossa economia teve um bom arranque em 2015 e ao longo do ano foi perdendo fôlego (...) Se compararmos o crescimento, nós temos uma situação de desaceleração e que efetivamente foi, este trimestre penalizado, pela redução das exportações".

O Primeiro-Ministro acrescentou ainda que "houve problemas de mercado externo e não problemas de mercado interno", dizendo que o papel da AICEP foi reforçado e que o seu executivo até tem um secretário de Estado da Internacionalização.

Mas António Costa não recua na estratégia das políticas económicas do Governo, afirmando que “dar prioridade às exportações não pode sacrificar o mercado interno”.



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