O Presidente da República falou esta segunda-feira, pela primeira vez, sobre o abalo com epicentro no Grupo Espírito Santo, para admitir que este caso pode ter “alguns efeitos” na “economia real”. Impactos, minimizou Cavaco Silva, que “não vêm do lado” do BES. A partir da capital da Coreia do Sul, no cair do pano sobre uma visita de dois dias àquele país asiático, o Chefe de Estado teceu também elogios à atuação do Banco de Portugal. Desde logo às sucessivas garantias de que haverá “folgas de capital mais do que suficientes” no Banco Espírito Santo.
Em Seul, Cavaco Silva manifestou a convicção de que os efeitos económicos do caso do Grupo Espírito Santo não terão “significado de monta”.
O Presidente deixou, depois, um elogio ao supervisor português: “Com a informação que tenho do próprio Banco de Portugal, considero que a atuação por parte do governador tem sido muito, muito correta”.
Ainda segundo Cavaco, “como autoridade de supervisão”, o Banco de Portugal “tem vindo a atuar muito bem” para “preservar a estabilidade e a solidez” do sistema financeiro do país.
Já quanto a eventuais reflexos da crise do Grupo Espírito Santo na economia portuguesa, Cavaco mostrou-se mais cauteloso: “Haverá sempre alguns efeitos, mas eu penso que não vêm do lado do banco, vêm da área não financeira”.
“Se alguns cidadãos, alguns investidores, vierem a suportar perdas significativas, podem adiar decisões de investimento, ou mesmo alguns deles podem vir a encontrar-se em dificuldades muito fortes. Por isso, não podemos ignorar que algum efeito pode vir para a economia real. Por exemplo, em relação àqueles que fizeram aplicações em partes internacionais do grupo, que estão separadas do próprio banco em Portugal”, admitiu o Presidente da República.
Aconselhamento especializado
Cavaco Silva adiantou também ter sido questionado sobre o caso do BES durante um encontro com um jornalista em Seul, acrescentando que terá logrado explicar a diferença entre as áreas financeira e não financeira do Grupo Espírito Santo.
“Mesmo em Portugal há alguma confusão entre estas duas áreas”, afirmou o Chefe de Estado.
Foto: Rafael Marchante, Reuters
Esta posição de Cavaco Silva é conhecida no dia em que a comissão executiva do BES comunicou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários a contratação de uma entidade financeira internacional como conselheira especializada, remetendo para mais tarde a divulgação do nome.
No texto remetido ao regulador, o banco agora liderado por Vítor Bento indica que esta decisão visa “avaliar as oportunidades de melhorar a estrutura do seu balanço, com vista à sua otimização”.
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