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Austeridade agrava situação das mulheres no mercado de trabalho

por Lusa

Paris, 17 dez (Lusa) - As políticas de austeridade adotadas por alguns países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) para travar a crise económica e financeira podem "agravar ainda mais" a situação das mulheres no mercado de trabalho nos próximos anos.

De acordo com um relatório da OCDE hoje divulgado, "em alguns países, a política de austeridade e o enfoque dos esforços no regresso ao mercado de trabalho de pessoas que estão sem emprego por causa da crise podem tornar a questão da igualdade entre homens e mulheres menos prioritária".

Sublinhando que o trabalho das mulheres é um fator de desenvolvimento económico, a OCDE estima que uma convergência total das taxas de atividade de homens e mulheres permita um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 12% dentro de vinte anos.

A Organização estima, assim, que "a redução das despesas públicas, que enfraquecem as políticas familiares, pode ser prejudicial às mulheres, em particular às mães solteiras".

Além disso, "as reduções dos postos [de trabalho] no setor público (em que as mulheres são mais numerosas) anunciadas ou já realizadas em vários países vão agravar ainda mais a situação das mulheres no mercado de trabalho nos próximos anos".

O relatório refere ainda "o efeito de desencorajamento (...) em particular entre as mulheres que têm um bom nível de estudos e que, vendo a recessão piorar, podem decidir renunciar à sua atividade profissional".

Pelo contrário, "os programas públicos de relançamento visam, no essencial, amortecer o efeito das perdas dos empregos nos setores maioritariamente masculinos", como a indústria, por exemplo.

No entanto, entre 2008 e 2009, pela primeira vez, o emprego das mulheres foi menos afetado pela crise do que o dos homens, que foram "os mais duramente afetados pela subida inicial do desemprego". Ainda assim, em 2009, "a taxa de desemprego das mulheres continuou a aumentar e a dos homens e a diminuir ou a aumentar menos rapidamente", de acordo com o estudo da OCDE.

"As recessões precedentes parecem mostrar que se os homens têm mais riscos de perder o emprego num primeiro momento, e em proporções mais importantes, têm, em contrapartida, mais hipóteses de o recuperar quando a economia recupera", explica a Organização.

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