A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) quer pedir a ajuda à comunidade científica para esclarecer os impactos do consumo do leite na sáude, considerando que o setor "está a ser muito penalizado" por uma discussão pública "pouco clara".
"Acreditamos que vamos ter de pedir à comunidade científica e quem sabe aos nutricionistas que nos ajudem a resolver este problema e que tenhamos discussões esclarecidas na praça pública e que se perceba exatamente quais as vantagens e desvantagens do consumo destes produtos", disse hoje a diretora-geral da APED, Ana Isabel Trigo Morais, num encontro com jornalistas para divulgar o Barómetro de Vendas da associação, que mostra uma queda das vendas dos laticínios de 0,5 pontos percentuais no segundo trimestre, em termos homólogos.
Ana Isabel Trigo Morais frisa que o comportamento do consumidor "está a ficar muito consistente" que as constantes quebras no consumo de laticínios já "não são uma tendência, mas uma realidade".
"O leite está a ser muito penalizado por esta mudança de hábitos no consumidor que acreditamos estar a ser influenciada por esta discussão sobre os impactos do consumo do leite e derivados", afirmou, acrescentando que a quebra de vendas é contínua e causa "grande preocupação".
A diretora-geral da APED destacou ainda que este comportamento "acontece de forma diferenciada, até porque o consumo de "alguns derivados de leite tem crescido, mas os produtos mais simplificados têm estado todos a perder".
"O leite sempre foi um bem essencial e quando começa a representar este comportamento não pode deixar de preocupar o setor. Custa-me a crer que de repente e por um efeito um bocadinho sazonal e de moda, agora o leite tem imensos impactos negativos na saúde e este assunto está debatido na Opinião pública de uma forma que não traz clareza", sustentou.
Por isso, defende, o auxílio da comunidade científica e que a discussão que está a ser feita na praça pública seja alargada a outros aspetos também positivos que decorrem do consumo do leite.
A juntar a esta situação, junta-se o fim, já neste segundo trimestre, das quotas leiteiras à produção em todo o espaço europeu, "o que faz que toda a cadeia de valor esteja em grande ebulição", como afirmou.
"Há um problema gravíssimo com a perda de valor do leite, de repente deixou de haver limitações à produção e, portanto, o `stock` de leite no mercado é muito grande, temos mercados que eram tradicionais para o escoamento destes produtos que se fecharam, como aconteceu com o russo com o embargo", disse.